Brasil: crise de coronavírus também pode afetar PIB de 2021
Especialistas afirmam que o país está percorrendo um caminho diferente dos demais, e isso custará a economia

Foto: Reprodução/ UOL
Dados sobre o processo de retomada da economia brasileira mostra um passo lento desde a recessão de 2015 e 2016, e com o novo coronavírus, as expectativas de superação desta fase não está tão perto. Para analistas ouvidos pelo Correio Braziliense, o Brasil será um dos mais impactados pela pandemia e há chances de o Produto Interno Bruto (PIB) permanecer negativo até 2021.
As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil são piores do que as médias mundial e de mercados emergentes, como mostra levantamento do economista Marcel Balassiano, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Enquanto o mundo deverá encolher 3% nesta ano, o PIB brasileiro terá retração de 5,3%, registrando retomada de 2,9% — metade da média de crescimento global, de 5,8% — em 2021.
Com base nas estimativas atuais do FMI e do Ibre, o Brasil encerrará a década atual com desempenho muito pior do que o registrado na chamada década perdida, de 1980, de acordo com Balassiano. Considerando a queda de 3,4%, a média passaria para 0,3%.
Balassiano ainda destaca que há chances de o PIB brasileiro permanecer negativo em 2021, embora o cenário de estimativas do mercado e do FMI sejam diferentes. “Isso tem relação com o efeito base de quanto cairá neste ano. O principal foco para 2021, ou quando acabar a crise de saúde, será voltar a temas como equilíbrio fiscal e reformas. Mas as dificuldades serão enormes, pois, além da econômica, estamos vivendo uma crise política. E as reformas dependem do Congresso”, destaca.
O economista e coordenador do Núcleo de Estudo de Economia Catarinense (Necat), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lauro Mattei, ressalta que a economia brasileira tem um elevado grau de preocupação e também não descarta recuo do PIB no ano que vem. “O Brasil está percorrendo um caminho totalmente adverso em relação aos demais países. Infelizmente, o preço a ser pago por tal opção será expressivo”, lamenta.


