Brasil critica exclusão de lista europeia de países com baixo risco de desmatamento
Governo vê medida como discriminatória

Foto: Polícia Federal/divulgação
O governo brasileiro criticou, nesta sexta-feira (23), a decisão da Comissão Europeia de deixar o país fora da lista de nações consideradas com “baixo risco” de desmatamento. A exclusão foi classificada como “unilateral e discriminatória” em nota oficial divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
A lista, anunciada na quinta-feira (22), reúne 140 países dos cinco continentes que, segundo a União Europeia, apresentam risco reduzido de desmatamento na produção de sete commodities: carne bovina, cacau, café, óleo de palma, borracha, soja e madeira. A avaliação integra os critérios da nova legislação antidesmatamento da União Europeia (UE), que entra em vigor em dezembro de 2025.
Ficaram de fora do grupo o Brasil, a Malásia e a Indonésia, três grandes produtores agrícolas e com vastas áreas de florestas tropicais. Os três governos manifestaram publicamente insatisfação com a classificação. A Comissão Europeia também colocou Belarus, Coreia do Norte, Mianmar e Rússia na categoria de alto risco.
Na nota, o Itamaraty afirma que a legislação impõe “ônus significativo e desproporcional” a países que desenvolvem agricultura de forma “responsável e sustentável”. O governo brasileiro também expressou surpresa com o fato de que países com grandes áreas de floresta tropical foram avaliados com mais risco do que nações com produção agrícola em regiões temperadas.
Apesar da crítica, o Brasil reiterou seu compromisso com o diálogo internacional e defendeu a cooperação como caminho para mitigar os impactos da nova legislação sobre os produtores e exportadores brasileiros.
A publicação da lista ocorre na mesma semana em que o Senado aprovou um projeto que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental, medida que, segundo especialistas, pode favorecer o aumento do desmatamento no país. O texto ainda aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.