Brasil quer intensifica negociações comerciais com a Índia em meio a restrições dos EUA
Em julho, já haviam sido firmados acordos bilaterais com o país asiático nas áreas de segurança, energia e transformação digital

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Diante das recentes sobretaxas aplicadas pelo presidente Donald Trump a parceiros tradicionais como Brasil e Índia, que somam até 75% sobre determinados produtos, o governo brasileiro aposta no fortalecimento de laços comerciais com o país asiático.
Em julho, durante a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Brasília, foram firmados acordos bilaterais nas áreas de segurança, energia e transformação digital. A avaliação do Itamaraty é de que a Índia, apesar de ser o país mais populoso do mundo e ter intensificado sua industrialização nas últimas décadas, ainda é um mercado pouco explorado por exportadores brasileiros.
Hoje, a pauta de exportações do Brasil para a Índia é concentrada em produtos como óleos vegetais, açúcar e petróleo bruto representam mais de 60% do total. O petróleo, inclusive, é o segundo item mais exportado, mesmo representando apenas 1% das compras indianas, enquanto a Rússia ainda fornece cerca de 30% do petróleo consumido no país. Diante de uma possível redução nas importações indianas de petróleo russo, o Brasil enxerga margem para aumentar sua participação nesse mercado.
A ofensiva comercial brasileira se dá em três frentes. A primeira é a tentativa de ocupar espaço deixado por fornecedores afetados pelas medidas protecionistas dos EUA. A segunda mira a diversificação da pauta exportadora com produtos como algodão, frutas, etanol, pescado e suco de laranja, sob coordenação do Ministério da Agricultura.
Já a terceira busca expandir o atual acordo comercial entre Índia e Mercosul. Atualmente, apenas 14% das exportações brasileiras ao país asiático estão cobertas por esse tratado, que engloba 450 produtos e prevê reduções tarifárias limitadas. A meta é incluir novos itens, sobretudo do agronegócio, e negociar tarifas mais vantajosas e a derrubada de barreiras comerciais.