Brasileiros de todas as classes se dizem vítimas da desigualdade

Levantamento apontou que os entrevistados com bons salários se veem como pobres

Por Da Redação
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Brasileiros de todas as classes se dizem vítimas da desigualdade

Foto: Reprodução

Um estudo publicado pelo cientista político Pedro Cavalcanti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em pesquisas de opinião mostrou que os brasileiros concordam que o país sofre com forte desigualdade social, mas se colocam sempre como vítima do problema. 

No estudo "A questão da desigualdade no Brasil: como estamos, como a população pensa e o que precisamos fazer", Cavalcante se colocou à disposição para analisar a maneira como o país vê o problema social. Para isso, ele utilizou como base resultados das pesquisas da Oxfam Brasil e do Datafolha, de 2017 e 2019.

Ele observou que normalmente os entrevistados, mesmo os que têm bom emprego e salário, transferem a culpa exclusivamente a quem tem mais condições financeiras que eles. "Em geral, a população defende a progressividade dos impostos, isto é, os mais ricos pagando mais taxas. Contudo, tendem a se excluir deste segmento populacional, numa lógica de que ‘os ricos são os outros’, embora as estatísticas demonstrem o contrário", diz o estudo.

O levantamento indicou ainda que quem tem mais dinheiro se vê como classe média, e se acha pobre. "Quando perguntam [em 2017] em que posição o cidadão se situa numa escala de zero (mais pobre) a cem (mais ricos), a grande maioria (88%) se coloca na metade mais pobre do país – esse valor se reduziu para 85% na edição de 2019. Enquanto os mais abastados se posicionam na camada intermediária e até mesmo na metade mais pobre. Isso demostra uma certa dissociação com a realidade", comenta o cientista político.

Ao R7, Pedro Cavalcanti disse que "para estar entre os 10% mais ricos da população, basta receber pouco mais de três salários mínimos, mas quem ganha até bem mais que isso não se considera na elite."

A análise também mostrou que "enquanto os mais pobres preferem políticas e investimentos públicos em setores com efeitos imediatos no seu dia a dia, os mais ricos se inclinam para soluções sem custos diretos a eles".

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