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"Cadáveres ambulantes": Fome prolongada em Gaza diminui expectativa de vida na região; ao menos 43 palestinos morreram de desnutrição em seis dias

Uma em cada cinco crianças na cidade de Gaza está desnutrida, aponta ONU

Por Da Redação
Às

"Cadáveres ambulantes": Fome prolongada em Gaza diminui expectativa de vida na região; ao menos 43 palestinos morreram de desnutrição em seis dias

Foto: Reprodução/X

A escassez de alimentos na Faixa de Gaza, devido ao bloqueio imposto por Israel, matou 43 palestinos de fome desde o último domingo (20).

Ao todo, mais de 100 ONGs alertaram esta semana para o risco de uma crise de fome ainda maior no território palestino. Devido a situação, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) alertou, na quinta-feira (24), que 20% das crianças na Cidade de Gaza, capital do enclave, estão subnutridas, com riscos graves à sua saúde.

"'As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes': disse-me um colega em Gaza nesta manhã", disse Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, na quinta-feira (24).

O World Food Program, que é um braço das Nações Unidas, disse esta semana que a crise de fome em Gaza atingiu “novos e surpreendentes níveis de desespero, com um terço da população sem comer por vários dias seguidos”.

A fome tem causado impactos nos nascimentos e expectativa de vida na região. Segundo o Fundo de População da ONU (Unfpa) Gaza vive uma crise de nascimentos, potencializada pela fome, com uma queda de 41% na taxa de natalidade desde 2022, ano anterior à guerra.

Em fevereiro, um estudo publicado pela revista científica britânica The Lancet estimou que a expectativa de vida em Gaza foi praticamente reduzida pela metade (- 46,3%) desde o início da guerra. 

Segundo a pesquisa, a expectativa caiu de uma média pré-guerra de 75,5 anos para 40,5 anos no período entre outubro de 2023 e setembro de 2024. A redução foi maior entre os homens (-51,6%), com uma queda de 73,6 anos para 35,6 anos, do que entre as mulheres (-38,6%), cuja expectativa de vida passou de 77,4 anos para 47,5 anos. 

Nos hospitais, crescem o número de pacientes que sofrem e morrem de desnutrição severa. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pelo menos 113 pessoas morreram por desnutrição desde o início do conflito, em outubro de 2023. Entre elas, 81 eram crianças e adolescentes. Cerca de um terço das vítimas faleceu desde domingo.

Somado a isso, 260 mil crianças com menos de 5 anos precisam de suporte nutricional, e mais de 28,6 mil casos de desnutrição infantil foram registrados neste ano. Somente em 2025, mais de 1,5 mil nascimentos prematuros relacionados à desnutrição foram relatados, e 100 mil gestantes e lactantes são afetadas pela escassez de alimentos. 

A campanha militar israelense em Gaza começou após o ataque sem precedentes do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de quase 1,2 mil pessoas, em sua maioria civis. 

Na ocasião, 251 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas, das quais 50 seguem em cativeiro. Destas, 27 estariam mortas, segundo o Exército. De acordo com o Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o conflito já deixou 59.587 palestinos mortos, majoritariamente civis.

Bloqueio

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), designada por Israel para distribuir a ajuda na Faixa de Gaza, iniciou as operações em 26 de maio, após mais de dois meses de um bloqueio israelense total da entrada de suprimentos no território.

As operações foram marcadas por cenas caóticas e sangrentas em torno dos quatro pontos de distribuição. Tanto a ONU quanto as ONGs se recusam a cooperar com a fundação, pois consideram que foi concebida para servir principalmente aos objetivos militares israelenses.

Segundo a ONU, as forças israelenses mataram desde o final de maio cerca de 800 palestinos enquanto eles se dirigiam para buscar ajuda nos pontos de distribuição da GHF.

Conforme a rádio do Exército israelense e um militar ouvido pela AFP, Israel vai permitir que países estrangeiros voltem a lançar ajuda humanitária aérea na Faixa de Gaza. A data para isso não foi divulgada.

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