Capacidade de pagamento de famílias e microempresas piorou em 2022, aponta BC
No entanto, rentabilidade do sistema bancário manteve-se estável
O Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado pelo Banco Central (BC) nessa quinta-feira (3), mostra que a capacidade de pagamento dos tomadores de crédito piorou, em especial de famílias e microempresas, mesmo diante da recuperação econômica e do aumento do emprego. Os dados são referentes ao primeiro semestre de 2022.
O cenário ainda é de renda das famílias “cada vez mais comprometida com dívidas mais onerosas, como cartão de crédito e crédito não consignado”, aponta o documento. “A materialização de risco aumentou em razão de concessões mais arriscadas em trimestres anteriores. Nas microempresas, os ativos problemáticos aumentaram, a despeito do forte crescimento da carteira [de concessões de crédito]. Em relação às famílias, a materialização de risco cresceu de forma relevante em 2022 no crédito não consignado, no cartão de crédito e no financiamento de veículos”, completa.
Rentabilidade
Apesar das maiores despesas com provisões, a rentabilidade do sistema bancário manteve-se estável no último semestre. Segundo o documento, o lucro líquido do sistema foi de R$ 138 bilhões no período de doze meses até junho de 2022, 5% superior ao registrado no ano passado e 20% acima do observado nos doze meses até junho de 2021.
“Em linha com as altas da Selic [taxa básica de juros], o aumento da margem de tesouraria tem compensado a redução da margem de crédito. Por um lado, a elevação da Selic aumentou o custo de captação, reduzindo a margem de crédito; por outro, elevou a margem com tesouraria. Na parcela dos resultados não dependente dos juros, as rendas de serviço cresceram em ritmo mais lento no primeiro semestre de 2022, mas os bancos têm conseguido manter os custos sob controle mesmo em um contexto de inflação elevada”, diz o relatório.