• Home/
  • Notícias/
  • Brasil/
  • Caracol indiano, transmissor de meningite, é encontrado em 2 estados brasileiros; há relatos da presença do animal em mais 5 estados

Caracol indiano, transmissor de meningite, é encontrado em 2 estados brasileiros; há relatos da presença do animal em mais 5 estados

Os primeiros relatos da presença desses animais ocorreram no Paraná, em 2019

Por Da Redação
Ás

Caracol indiano, transmissor de meningite, é encontrado em 2 estados brasileiros; há relatos da presença do animal em mais 5 estados

Foto: Reprodução/UOL

A espécie invasora de caracol, Macrochlamys, foi identificada no Brasil e está sendo investigada em pelo menos sete estados brasileiros. Originário da Índia, o molusco, apesar de ser pequeno e parecer inofensivo, já foi associado à destruição de plantações em diversos países e é um possível hospedeiro de vermes causadores de doenças gastrointestinais e até de meningite. 

A presença desse caracol já foi confirmada por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) já no Paraná, e estava restrito somente a esse estado desde 2019, mas nas últimas semanas, o grupo identificou a presença do molusco em municípios de São Paulo. Eles verificam ainda relatos em Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás.

Ao menos duas espécies de nematoides consideradas causadoras de doenças podem usar esse invasor em seu ciclo. O Angiostrongylus cantonensis, que pode provocar meningite ou meningoencefalite, e o Angiostrongylus costaricensis, que provoca a angiostrongilose abdominal, infecção que provoca dor semelhante à apendicite. A transmissão dessas doenças na Índia, por meio desses caracóis, já é bem documentada.

Ainda não é possível saber se os caracóis invasores, identificados no Brasil, estão infectados por esses nematoides, comuns em ratos. Por precaução, os cientistas recomendam o uso de luvas ou sacolas plásticas, durante o manuseio, a qualquer pessoa que se depare com um deles. Ainda não é possível saber onde ocorre as infestações, mas, a partir dos avistamentos e de fotos enviadas à universidade, um mapa geoclimático está sendo confeccionado.

Como é um molusco que gosta de ambientes quentes, úmidos, escuros e possuem hábitos noturnos, após a coleta geral de dados, será possível apontar os pontos mais prováveis onde esses animais encontrarão as condições climáticas e ambientais ideais para se desenvolver no Brasil.

Os primeiros relatos da presença desses animais ocorreram no Paraná, em 2019. O ecólogo e professor doutor em Ecologia da Unesp de São Vicente Marcos Bornschein esteve na região de Maringá (PR) pessoalmente, para colher dados e imagens. Ele afirmou, em entrevista ao UOL que, em alguns locais, a infestação era impressionante.

"Para se ter ideia, em uma única árvore, um ingá, pude avistar centenas e centenas desses caracóis circundando e cobrindo o tronco desde o solo até uma altura de 2,5 metros", conta o professor. "A abundância desse caracol é assustadora".

Ainda não se sabe exatamente como essa espécie de caracol chegou ao Brasil. Mas há suspeitas de que tenham chegado pelo mar. Provavelmente escondidos em alguma carga de plantas vivas. "Não dá ainda para confirmar que eles chegaram em navios. Mas estamos notando que sua dispersão se dá por meio de vasos de plantas que são transportados de uma região para outra", afirma Bornschein.

Como identificar o caracol indiano e o que fazer 

O caracol indiano é de fácil identificação. Ele é pequeno, possui uma casca delicada na cor âmbar, chegando no máximo ao tamanho de uma moeda de R$ 1. Sua atividade é maior à noite e após as chuvas. Uma característica importante é a saliência carnuda e pontiaguda na ponta da cauda. Quando relaxado, possui uma ponta de carne que se estende para trás, ao redor ou sobre a concha, diferenciando-o de outros caramujos terrestres. Como gostam de se alimentar dos brotos das plantas, das folhas mais macias, eles interferem diretamente na sua capacidade de regeneração. O que acaba por provocar a morte do vegetal.

Ao ver o caracol indiano, o professor pede que as pessoas os fotografem e enviem as imagens, com sua localização e um breve histórico do avistamento, para a pesquisadora Larissa Teixeira, mestre em biodiversidade, que atua no grupo de investigação e está à frente das pesquisas. O email é larissa.teixeira@unesp.br.

Caso ocorra uma infestação, a recomendação é que a pessoa efetue o registro com fotografias e vídeos e entre em contato com o órgão ambiental do seu município ou, na ausência de um órgão municipal, as autoridades ambientais de seu estado, para que façam o manejo adequado. Protocolos de manejo só serão definidos após um estudo detalhado da presença desse animal no País.

"Nossa expectativa, por conta do que já sabemos sobre o seu comportamento, é de que grande parte do Brasil possa enfrentar algum tipo de problema com a disseminação da espécie", diz Bornschein. "Apesar de necessitar de ambientes úmidos, ele é capaz de enfrentar longos períodos de seca, pois ele se encapsula dentro da concha, selando-a pelo lado de fora, mantendo a umidade em seu interior".

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário

Nome é obrigatório
E-mail é obrigatório
E-mail inválido
Comentário é obrigatório
É necessário confirmar que leu e aceita os nossos Termos de Política e Privacidade para continuar.
Comentário enviado com sucesso!
Erro ao enviar comentário. Tente novamente mais tarde.