Cardiologista alerta para aumento no número de infarto em mulheres: 'isso é muito preocupante'
Veja quais fatores de risco da doença

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A diretora nacional de cardiologia da Rede D'Or, Olga Ferreira de Souza, alertou para um aumento no número de infartos entre mulheres no Brasil e, segundo ela, falta conscientização e prevenção dos fatores de risco da doença.
A especialista detalha que a genética impacta muito, mas que o estilo de vida da pessoa vai definir se o problema cardíaco vai chegar aos 40 ou aos 70 anos.
Segundo Souza, ainda é possível cuidar do coração mesmo depois da idade um pouco mais avançada. "O importante é começar. A gente consegue conter certos processos no organismo, como aterosclerose, obesidade, diabetes. Então, no momento que qualquer pessoa perceber que precisa mudar os seus hábitos de vida para evitar doenças futuras, é super benéfico", disse a cardiologista em entrevista ao O Globo.
Souza destaca, no entanto, que é importante que o paciente comece a se cuidar o quanto antes. "Quem tem história familiar de infarto, de hipertensão, de diabetes, de colesterol alto, deve, assim que possível, com 15, 18 anos, já medir o colesterol e verificar a sua pressão arterial. Tardiamente, seria quando já tem alguma doença instalada, e não uma questão de idade", pontuou.
A hereditariedade tem um fator primordial no desenvolvimento das doenças cardiovasculares, sendo a genética o fator principal. Mas se a pessoa tem hábitos saudáveis, faz atividade física, controla o colesterol, está dentro do peso, se alimentar adequadamente, é possível retardar e até evitar que aquele tipo de doença genética se manifeste precocemente.
De acordo com a cardiologista, o infarto é grave em todas as idades, seja no jovem, no adulto ou no idoso: "é um evento catastrófico, e a maioria das pessoas não consegue nem ter o primeiro atendimento médico, morre antes".
"São mais de 1 .100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, uma morte a cada 90 segundos. As doenças cardiovasculares causam o dobro de morte daquelas por câncer, todas as causas de acidentes e violências, três vezes as doenças respiratórias e as infecções. Então, realmente é preocupante, porque apesar de todos os avanços que a gente tem vivido na medicina, na cardiologia, no diagnóstico e no tratamento, a gente não é efetivo em medidas preventivas para reduzir as doenças cardiovasculares. Nós temos bons tratamentos, mas falta investir em prevenção", alertou.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou um posicionamento este ano pelo aumento do número de infarto em mulheres, especialmente na faixa etária de 50 a 69 anos, mas também entre mulheres jovens. Souza detalha que o infarto ou a doença coronariana da mulher muitas vezes não é provocada por uma lesão obstrutiva de uma placa dentro das grandes artérias coronárias, mas sim por uma disfunção na parede do vaso.
"Os sintomas normalmente são mais leves e passam despercebidos, como sudorese, cansaço, fraqueza, um mal-estar, dor no peito atípica, falta de ar. Sinais que a paciente acaba minimizando, porque não tem aquele alerta típico de uma dor aguda no peito como o homem. Então, os sintomas não são valorizados nem tanto pelas mulheres que o sentem, nem quando chegam no atendimento médico", explicou.
A médica afirma que é importante não deixar de levar em conta qualquer sintoma.