Cédula de R$ 20 completa 20 anos com perda do poder de compra

Há 20 anos era criada a cédula de R$20. De lá para cá, o poder de compra da nota é muito diferente. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), se fosse corrigida pela inflação, hoje a cédula deveria valer R$69.

O salário mínimo também ter sofrido reajuste no mesmo período, até maior que inflação, passando de R$ 200 para R$ 1.212, um aumento de 500%. Mas, segundo o  coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fundação Getúlio Vargas, André Vaz, ressalta que o valor pago hoje não cobre as necessidades básicas das famílias brasileiras.

"Essas contas não são perfeitas, até porque com relação aos alimentos básicos como arroz e feijão, carne, cada um teve um impacto diferente. A variação de inflação de cada alimento tem a sua alta acumulada no período. Isso porque só estamos falando de alimentos, mas outras coisas de consumo tiveram aumentos, como energia e transporte público", avalia.

As pessoas com baixa renda são as mais afetadas. "Quem recebe mais pode proteger o seu dinheiro da inflação, fazendo investimentos, que hoje estão com rendimento acima da inflação média. O pobre não tem dinheiro para se proteger da inflação, mal tem para comprar os alimentos", afirma Vaz.

De acordo com a supervisora do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/SP), Patrícia Costa, o reflexo da inflação no poder de compra da nota é normal da economia, mas ressalta a alta nos últimos dois anos. 

"A questão não são os 20 anos, mas a perda do poder aquisitivo ocorrida nos últimos dois anos com a inflação. Um exemplo disso é o valor da carne, que em 2019 era de R$ 25 o quilo e neste ano saltou para R$ 47. O que temos para trás é que havia mais controle da inflação, que vinha se mantendo dentro do aceitável para o funcionamento da economia, mas nos dois últimos anos vem destruindo o poder aquisitivo dos salários", afirma.