Célia Xakriabá acionará MP e Conselho de Ética contra Kim Kataguiri: 'violência política de gênero e racismo'
Deputados protagonizaram briga durante votação do projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental

Foto: Elio Rizzo/Agência Câmara
A deputada Célia Xakriabá (PSol-MG) anunciou, nesta quinta-feira (17), que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o colega Kim Kataguri (União Brasil-SP). Os dois protagonizaram uma briga durante a votação do projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, na madrugada desta quinta. A discussão levou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a chamar a Polícia Legislativa.
A parlamentar disse que vai entrar com representações nos dois órgãos por “violência política de gênero” e “racismo”. “O racismo opera no lugar de covardia, porque as pessoas fazem e depois negam fazer neste lugar”, declarou a deputada.
Entenda briga
A confusão teve início após Kim Kataguiri se referir a comunidades indígenas como “tribos”, que teriam sido beneficiadas com a Usina de Belo Monte.
“Cinco milhões de reais na conta de cada tribo. Aí, eu também quero que abra uma hidrelétrica do lado de casa. Porque, me explica, como é que transformar tribo indígena em latifúndio ajuda a compensar impacto ambiental? Não ajuda, gente, isso é dinheiro indo para o bolso dessas pessoas”, acusou, sem provas.
Pouco depois, Xakriabá rebateu. “Primeiro, essa pessoa, deputado estrangeiro, esse deputado reborn que acabou de falar sequer tem o direito de falar da questão indígena. Ianomâmi não pode ser tratado como um caso despercebido”, declarou. “O senhor fica quieto. O senhor é estrangeiro aqui, tinha que pedir perdão para os povos indígenas”, acrescentou.
Por volta das 02h19, Kataguiri se referiu à deputada como "cosplay de pavão”, devido o cocar usado pela parlamentar. “Determinada deputada me chamou de deputado estrangeiro. E eu quero dizer aqui que estrangeiro, e ali próximo de onde estão meus ancestrais, é o pavão, que é um animal lá da Ásia”, disse.
Kim foi acompanhado pelo deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS). “Já que o assunto é o pavão misterioso, nós queremos saber do licenciamento ambiental do pavão aqui presente. Nossa, se para abrir uma estrada, para abrir um empreendimento, é preciso licenciamento, para abater um animal também precisa de licenciamento”.
Em seguida, Célia pediu a palavra a Motta, que cedeu. A deputada se emocionou e parlamentares bolsonaristas começaram um bate-boca. Xakriabá disse que as referências ao seu cocar configuram “racismo televisionado”.
Hugo Motta tentou prosseguir com a votação, mas a discussão entre Célia e Kataguiri se tornou ainda mais acalourada. Motta então pediu a presença da Polícia Legislativa no plenário.