Jair Bolsonaro é alvo de buscas da PF e passará a usar tornozeleira eletrônica
Ex-presidente é réu no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado

Foto: Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é alvo de dois mandados de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), na manhã desta sexta-feira (18).
Segundo a PF, medidas restritivas de liberdade também são cumpridas a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) na casa do político e em endereços ligados ao Partido Liberal, legenda de Bolsonaro. Entre as restrições, Bolsonaro passará a usar tornozeleira eletrônica e não poderá acessar redes sociais.
As ordens judiciais fazem parte de uma nova operação da PF, aberta no mês de julho, dois dias depois do anúncio do tarifaço dos Estados Unidos, e corre sob sigilo no Supremo. Em manifestação pública, a defesa afirmou que recebeu a decisão com "surpresa e indignação", a decisão das medidas cautelares "severas". [Leia a nota na íntegra no final da matéria]
O ex-presidente também terá que permanecer em casa entre 19h e 7 da manhã, e está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros (não podendo se aproximar de embaixadas), nem com outros réus e investigados pelo Supremo, como o próprio filho Eduardo Bolsonaro.
Bolsonaro está no centro da crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. Ao anunciar tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente norte-americano utilizou entre as justificativas o que chamou de "caça às bruxas" contra o ex-presidente, que é réu no Supremo. Na quinta-feira (17), Trump publicou uma carta enderaçada a Bolsonaro na qual voltou a criticar a Justiça brasileira e exigiu o encerramento do processo de maneira imediata.
Jair Bolsonaro se tornou réu no Supremo em março, por atuação em uma suposta trama golpista que tinha como objetivo manter o ex-presidente no poder após derrota nas urnas para o presidente Lula (PT). No início desta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu pela condenação de Bolsonaro com penas que podem chegar a 43 anos de prisão.
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada voltada a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção. Em depoimento ao STF, no dia 10 de junho, Bolsonaro negou ter participado de uma tentativa de golpe de Estado, mas confirmou que as reuniões com comandantes militares no fim de 2022 trataram de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de outras possibilidades de atuação “dentro da Constituição”.
O procurador-geral, Paulo Gonet, defende que Bolsonaro e os demais réus sejam condenados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Durante uma sessão solene no plenário do Senado Federal, na quinta, Bolsonaro chorou e pediu orações. Ele disse que o Brasil tem potencial para ser a “terra prometida do Ocidente” e lamentou que “alguns poucos” impeçam o progresso do país.
Sobre a decisão de Trump, o ex-presidente declarou que "tem muito mais, ou quase tudo a ver com valores e liberdade, do que com economia" e que a anistia é o caminho para a paz na economia.
Além disso, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), filho de Jair Bolsonaro, é investigado por buscar interferência do governo Trump nos processos que envolvem o pai e aliados.
Eduardo, que está nos EUA desde o mês de maio, comemorou publicamente as tarifas e disse que um acordo só acontecerá com "anistia ampla, geral e irrestrita".
Veja a nota da defesa do ex-presidente na íntegra:
"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.
A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial".
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