Chefe das Forças Armadas dos EUA alertou China para saúde mental de Trump
Informação consta em um livro divulgado pela imprensa americana

Foto: Patrick Semansky/AP
O chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos estava tão alarmado em janeiro deste ano com a saúde mental de Donald Trump que tomou medidas secretas para evitar que o então presidente americano desencadeasse uma guerra com a China, revela um novo livro.
O general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, também ordenou que seus subordinados não agiriam sem o seu consentimento caso Trump desse qualquer ordem para usar o arsenal nuclear americano, segundo os jornalistas Bob Woodward e Robert Costa. Na última terça-feira (14), o jornal "The Washington Post", onde os jornalistas trabalham, divulgou trechos do livro "Peril" que mostram Milley organizando o Pentágono e a comunidade de inteligência americana para resistirem a qualquer eventual movimento errático de Trump.
Milley conversou com outros funcionários do alto escalão do governo americano, como a então diretora da CIA, Gina Haspel, e o chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), Paul Nakasone, sobre a possibilidade de Trump agir de forma irracional. Além disso, o chefe das Forças Armadas americanas também entrou em contato com o general chinês Li Zuocheng para tranquilizar o maior rival dos EUA. As medidas foram tomadas após a derrota de Trump para o atual presidente americano, Joe Biden, e a invasão do Capitólio.
Na época, Milley telefonou duas vezes para o colega chinês, general Li Zuocheng: em 30 de outubro, dias antes da eleição, e em 8 de novembro, dois dias depois que apoiadores de Trump invadiram o Congresso dos Estados Unidos. Nessas ligações, Milley procurou assegurar à China que a retórica de Trump não levaria a ações militares.
Ataque nuclear
Milley recorreu ao canal secreto com Li em meio à preocupação com a instabilidade emocional de Trump. Para acalmar a China, o chefe das Forças Armadas americanas chegou a adiar exercícios militares na Ásia. Ele também disse aos principais membros de sua equipe que eles deveriam informá-lo antes de cumprir qualquer ordem de Trump, sobretudo no caso de uma ordem para um ataque nuclear.
"Alguns poderiam argumentar que Milley extrapolou sua autoridade e atribuiu a si um poder extraordinário", dizem os jornalistas. Mas ele acreditava estar agindo "para garantir que não houvesse uma ruptura histórica na ordem internacional, tampouco uma guerra acidental com a China ou outros, nem o uso de armas nucleares".