Cientistas descobrem que parasita da toxoplasmose pode ajudar no tratamento do câncer
O estudo é considerado promissor na ciência e pode revolucionar o tratamento do câncer com imunoterapia

Foto: Reprodução/Getty Images
A técnica da imunoterapia - que induz o próprio sistema imunológico a combater as células cancerígenas - para o tratamento do câncer, já é bastante conhecida. Mas nesta semana, um um estudo publicado na revista Journal for ImmunoTherapy Cancer revelou que o parasita causador da toxoplasmose pode ser adaptado geneticamente para fortalecer o mecanismo imunoterápico que ataca os tumores.
A ação de ativar as células de defesa do organismo para combater o câncer é considerada complexa e ainda não funciona para todos os tipos de tumores e para todas as pessoas. Mas é considerada uma aposta promissora na ciência.
Diferentemente da quimioterapia, que ataca diretamente como células cancerígenas e pode ser um tratamento bastante agressivo, a imunoterapia auxilia o organismo do paciente para identificar e combater o câncer com suas células de defesa.
"É um tratamento muito mais inteligente. Quando comparado à quimioterapia, pode não só aumentar a eficácia, como diminuir a toxicidade e, para alguns tumores, aumentar o controle a longo prazo. Os pacientes vivem mais e vivem melhor", explica o oncologista e presidente do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil.
Uma das estratégias usadas na imunoterapia é a administração dos chamados “inibidores de checkpoint”, proteínas carregadas pelas células do corpo humano que sinalizam aos linfócitos T de defesa que elas são parte do organismo e, portanto, não devem ser atacadas.
Mas, muitas vezes, as células cancerígenas conseguem desenvolver a capacidade de produzir um ou mais destes pontos de verificação, o que impede o corpo humano de identificá-las como um problema e atacá-las.
"Se você reprimir esse sistema nos tumores, você consegue uma terapia anticâncer. Essa descoberta foi o início da revolução da imunoterapia que estamos vivendo hoje", diz Gil.