Com fábricas paradas no Brasil, produção de vacinas infantis caem
País recorre à importação de imunizantes por ser mais barato

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Com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, uma outra questão também põe em cheque a saúde do brasileiro: a queda no número de crianças vacinadas.
Com duas fábricas paradas e redução da produção nacional de vacinas, o estoque de doses contra difteria, tétano, coqueluche e tuberculose tiveram uma redução na cobertura infantil, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
O registro maior de queda foi para a primeira dose de DTP (difteria, tétano e coqueluche), que reforça a proteção aos 15 meses de vida, no qual imunizou 86% das crianças, em 2014, e despencou para 56%, em 2019.
A mesma situação se repete com a BCG, aplicada contra tuberculose, que normalmente registra os melhores índices de cobertura do calendário infantil, mas nos últimos anos recuou, quando a produção nacional caiu e os problemas com estoques apareceram.
Os imunizantes poderiam ser produzidos no Brasil, caso a fábrica do Instituto Butantan, em São Paulo, fosse reformada. A promessa de reforma do local já se prolonga por mais de dez anos e ainda não há data para acontecer.
A outra fábrica, responsável pela fabricação da BCG, teve o início das obras em 1989, e mesmo 30 anos depois, ainda não foi concluída por falta de recursos. Além de afetar os estoques da vacina, a baixa produção de BCG deixou pacientes com câncer sem tratamento em 2019, segundo a BBC Brasil.
Sem fabricação nacional, o Brasil precisa recorrer à importação das vacinas já que é mais barato comprar de fora do que produzir no país.
"Os grandes laboratórios estão abandonando as linhas de produção para vacinas de retorno baixo e se concentrando naquelas de maior lucro. E aí faltam vacinas no mercado", diz Artur Couto, presidente da associação nacional dos laboratórios públicos (Alfob).