Com fim do auxílio emergencial, comércio sente efeito negativo nas vendas em janeiro
Em dezembro do ano passado, saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 18,2 bilhões

Foto: Reprodução/Monitor Mercantil
O fim do pagamento do auxílio emergencial já afetou as vendas de supermercados e lojas de material de construção em janeiro e influenciou um saque recorde de recursos da caderneta de poupança. Iniciado em abril, o benefício destinado a trabalhadores informais e desempregados para aliviar os efeitos da pandemia na renda injetou mais de R$ 290 bilhões na economia. Os analistas preveem um primeiro trimestre de queda no varejo e freio na atividade econômica do Brasil com o fim dos pagamentos.
No mês passado, os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 18,2 bilhões. O mês de Janeiro costuma ser um mês de resgates na poupança, para pagar as despesas de início do ano como IPVA e IPTU. Mas este ano a perda foi recorde, a maior já registrada desde 1995, quando teve início a série histórica, como reflexo do fim do auxílio. "Devemos ter um trimestre fraco, até mesmo com queda nas vendas. Além da falta do auxílio, temos um cenário de inflação alta, regressão na reabertura do comércio em algumas cidades e um alto número de desempregados", diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes.
Os supermercados tentam driblar o freio nas vendas em negociações com fornecedores. Mas também a indústria já sente o impacto. Ao divulgar seu balanço anual de 2020, a Unilever, multinacional de higiene, limpeza e alimentos, informou na quinta-feira que seu resultado foi afetado no quarto trimestre pela queda do auxílio. Com a redução à metade do benefício pago aos trabalhadores a partir de setembro, o volume de recursos injetados pelo programa na economia, que chegou a superar R$ 45 bilhões mensais, caiu para R$ 17 bilhões em dezembro. "Sem o auxílio, a melhor estratégia é ampliar o sortimento de produtos. Se o arroz está mais caro, temos que ter bom sortimento de macarrão, por exemplo", comenta Fábio Queiroz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).