Como evitar queimaduras no São João: médica explica principais riscos e orienta primeiros socorros
Fogueiras, fogos e improvisos com combustíveis aumentam risco de lesões graves durante o período

Foto: Leonardo Rattes / Saúde GovBA
O São João é marcado por muitas comidas típicas, bandeirolas, músicas juninas, fogueiras e fogos de artificio, mas também é o período que mais cresce o número de acidentes envolvendo queimaduras, especialmente pelos fogos e até o uso inadequado de combustíveis. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), embora os casos de queimaduras tenham diminuído, de 71 registros em 2023 para 66 em 2024, o número de crianças feridas ainda é um dado preocupante.
Conforme os dados enviados ao Farol da Bahia, no Hospital Geral do Estado (HGE), principal unidade de referência em Salvador, 47 pessoas foram atendidas por queimaduras nos dois últimos anos, sendo 44,6% crianças com menos de 13 anos. "Não tivemos casos graves registrados, mas a presença de crianças entre as vítimas mostra a importância de pais e responsáveis redobrarem a atenção", reforçou a secretaria.
Para os festejos de 2025, a Sesab anunciou um reforço na assistência com a mobilização de 3.540 plantões extras em unidades estaduais, além do apoio de equipes da ouvidoria, corregedoria e vigilância em saúde.
A presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Dra. Kelly Daniele de Araújo, explicou os riscos comuns desse período e alertou que grande parte dos casos pode ser evitada com medidas simples de prevenção. “Além dos fogos, temos muitos acidentes com fogueiras. As pessoas usam álcool ou outros combustíveis para acender e acabam provocando explosões. O vento também pode espalhar as chamas. Outro perigo é com os balões, que são soltos mesmo sendo proibidos. Quando caem na rede elétrica, podem provocar incêndios e queimaduras graves”, disse a médica em entrevista ao Farol da Bahia.
A especialista ainda destacou os riscos de acidentes com líquidos quentes e o uso improvisado de fogareiros com combustíveis, prática comum em regiões mais frias nesta época do ano. “As pessoas se aglomeram perto de panelas e fogareiros, e acidentes domésticos acontecem o tempo todo”, explicou.
Como agir em caso de queimaduras
A médica também esclareceu que, ao contrário do que muitos pensam, atitudes comuns como aplicar manteiga, pasta de dente ou borra de café sobre a pele queimada podem piorar a situação. “Esses produtos aumentam o risco de infecção e dificultam a avaliação médica. O ideal é lavar o local com água corrente em temperatura ambiente e procurar imediatamente uma unidade de saúde”, orientou. Ela ainda destacou que o uso de gelo também é contraindicado porque o pode agravar a situação e provocar outras queimaduras.
Outro erro muito comum é estourar as bolhas que se formam após o acidente. “Elas funcionam como uma proteção natural da pele. Estourá-las pode abrir porta para infecções”, disse. E mesmo quando a queimadura não parece grave à primeira vista, é importante observar sinais como dor intensa, vermelhidão persistente, presença de pus, inchaço, febre ou mau cheiro. “Se a ferida está piorando ao invés de cicatrizar, é sinal de alerta. E, em casos mais graves, como queimaduras com inalação de fumaça, a pessoa pode ter lesões nas vias respiratórias sem apresentar marcas externas”, acrescentou.
“A maior parte dos acidentes pode ser evitada com orientação. Mas, se acontecer, o cuidado correto desde o início faz toda a diferença no resultado do tratamento”, concluiu a Dra. Kelly Daniele.