Conta misteriosa no Twitter constroi narrativa que liga The Intercept a hacker russo

A hashtag #ShowDo”Pavão” foi destaque da rede social no domingo (16). Entenda o caso

[Conta misteriosa no Twitter constroi narrativa que liga The Intercept a hacker russo]

FOTO: Gage Skidmore/Flickr

O Twitter esteve em polvorosa no domingo (16). Com o nome  Pavão Misterioso (@oppavaomisterio), um usuário da rede social fez graves acusações ao ao jornalista Gleen Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept. Em seus tuítes, o usuário Pavão acusou o hacker russo, Evgeniy Mikhailovich Bogachev, de ser o criminoso que roubou os dados do procurador do Ministério Público Federal do Paraná, Deltan Dallagnol, e do então juiz  e hoje ministro da Justiça, Sergio Moro.

Ao longo do dia, o Pavão Misterioso liberou diversas informações - não checadas. Indicou, por exemplo, que em 13 de fevereiro de 2019 teria sido feita uma transferência de 84 bitcoins (o equivalente a US$ 308.085,90) de uma corretora da moeda virtual brasileira para o Panamá, e que, no mesmo dia, se transformaram na criptomoeda moeda Ethereums (uma plataforma parecida com o bitcoin). Segundo o usuário do Twitter, a quantia fora em seguida transferida para Anapa, na Rússia.  

Na narrativa do Pavão, o dinheiro teria supostamente ido parar em um banco de Shangai, na China, e cita Viktor Pollson como o responsável pela transferência. O nome Pollson, segundo a conta do Pavão, é muito parecido a um dos codinomes que o hacker usa, Pollingsoon, como mostra o cartaz de procurado do FBI. No entendimento de Pavão, expressado nos tuítes como uma tentativa de rastrear o dinheiro, o suposto hacker foi pago pelo Intercept.

Sem apresentar provas, a teoria que Pavão ainda menciona o dono do eBay, Pierre Omidyar, ao lado de Greenwald, como os supostos mandatários do ataque hacker, executado pelo russo. 

Vale lembrar que é na Rússia que está Edward Snowden (homem que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da NSA americana e está exilado no país), amigo do Glenn Greenwald, cuja parceria no passado revelou documentos americanos adquiridos de forma ilegal.

Mais acusações

A conta do Pavão Misterioso também faz acusações contra o ex-deputado federal pelo Psol, Jean Willys,  e contra o deputado federal Davi Miranda, casado com Greenwald. Segundo o usuário do Twitter, ambos receberam US$ 700 mil, no entanto, sem mencionar o período e quem realizava este pagamento. Afirma, ainda, que Jean Willys vendeu seu cargo de deputado e foi ao exílio na Alemanha como um acordo para que Miranda assumisse o posto.

Entre as últimas mensagens postadas sobre o caso, o usuário chamou Greenwald para ir à rua Rodrigues Alves, 1, no Rio de Janeiro (endereço da Polícia Federal), nesta quinta-feira (20), para entregar seus computadores, especialmente um da marca Dell, que segundo o perfil do Twitter, é a máquina onde o jornalista guarda seu cryptobank. A afirmação sugeriu que o usuário rastrearia Glenn ou tem informações de quem faz.

A conta do “Pavão” foi derrubada pela própria plataforma na tarde de domingo. Até o momento, o Twitter não se manifestou sobre a intervenção.

Defesa

Greenwald se manifestou sobre as acusações do Pavão Misterioso. Pela mesma rede social, questionou erros na grafia do documento de movimentação de bitcoins. 

Desdobramento 

Usuários da plataforma que acompanharam as acusações do Pavão sugeriram, ainda no domingo, que uma soma no valor de R$ 1 milhão em bitcoins foram transferidas para diferentes contas, considerada uma movimentação incomum na corretagem da criptomoeda. Essa revelação foi feita por usuários que utilizaram a hashtag #ShowDo”Pavão” por todo o domingo. Não é possível saber se as contas seriam realmente de pessoas ligadas  Glenn ou ao dono do Intercept. 


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