Correios estudam abrir capital e anunciam empréstimo de R$ 12 bilhões para reduzir prejuízos
Estatal apresenta plano de reestruturação enfrentar déficits acumulados desde 2022

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação financeira que prevê a possibilidade de abertura de capital da estatal e a contratação de um empréstimo de R$ 12 bilhões. A medida busca enfrentar os prejuízos acumulados desde 2022 e reequilibrar as contas da empresa, que registra patrimônio líquido negativo e sucessivos resultados deficitários.
Atualmente 100% pública, a estatal estuda a mudança para o modelo de economia mista, o que permitiria a entrada de acionistas privados, a exemplo do que ocorre com empresas como Petrobras e Banco do Brasil. Segundo o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, não há decisão sobre privatização, mas a proposta envolve parcerias estratégicas, inclusive societárias, para ampliar a competitividade da empresa no setor de logística.
De acordo com Rondon, uma consultoria contratada deverá apresentar, nos próximos meses, alternativas para modernizar a estatal e adaptá-la ao ambiente concorrencial, que exige maior flexibilidade, inovação tecnológica e novos modelos de negócio. O presidente afirmou que ainda não há definição sobre o formato das parcerias nem sobre eventual abertura de capital. O plano também prevê o fechamento de cerca de mil agências próprias, a venda de imóveis e a implementação de dois programas de demissão voluntária (PDVs). A expectativa é reduzir o quadro de funcionários em até 15 mil empregados até 2027 e cortar aproximadamente R$ 5 bilhões em despesas até 2028.
Para garantir a continuidade das operações, os Correios confirmaram a contratação de um empréstimo de R$ 12 bilhões, com carência de três anos. Do total, R$ 10 bilhões serão liberados ainda em 2025, e os R$ 2 bilhões restantes, em janeiro de 2026. O contrato foi firmado com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, que aportarão R$ 3 bilhões cada, além de Itaú e Santander, com R$ 1,5 bilhão cada.
Segundo a direção da estatal, os recursos serão usados para regularizar pagamentos a fornecedores, benefícios trabalhistas e tributos. Mesmo com o financiamento, a empresa afirma que ainda será necessária a captação de aproximadamente R$ 8 bilhões adicionais ao longo de 2026, por meio de novos empréstimos ou de aportes do Tesouro Nacional.
Os Correios acumulam déficits desde 2022 e registraram saldo negativo de R$ 6 bilhões nos nove primeiros meses de 2025. O patrimônio líquido da empresa é negativo em R$ 10,4 bilhões. A estatal atribui parte do desequilíbrio financeiro à obrigação de manter a universalização dos serviços postais, o que gera um déficit estrutural estimado em R$ 4 bilhões por ano. A empresa também aponta mudanças estruturais no setor postal, como a digitalização das comunicações, que reduziu o volume de cartas, e o aumento da concorrência no comércio eletrônico, como fatores que agravaram a crise financeira.


