Covid-19: Atraso na vacinação reduz confiança do investidor com Brasil, diz pesquisa
Levantamento foi realizado pelo ‘UBS Investor Sentiment’

Foto: Agência Brasil
De acordo com uma análise realizada pelo ‘UBS Investor Sentiment’, o atraso e as questões políticas que envolvem a vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no Brasil afetaram a confiança do investidor econômico. De acordo com o relatório, o otimismo que se via no início do ano, em proporção superior à média internacional, ao fim do primeiro trimestre perdeu pulso e ficou abaixo dos mercados globais.
Para realizar a análise, o banco ouviu 2,8 mil investidores e 1,15 mil donos de empresas com patrimônio financeiro ou receitas anuais superiores a US$ 1 milhão, em 14 mercados. O Brasil participou com 150 investidores e 50 empresários. A coleta foi feita entre 30 de março e 18 de abril. Uma parcela de 64% dos brasileiros entrevistados ainda se mostra otimista com a economia nos próximos 12 meses, 11 pontos percentuais abaixo da sondagem anterior. Globalmente, essa métrica passou de 60% para 69%.
No Brasil, a principal preocupação é com o ritmo da vacinação, por isso os investidores estão mais defensivos, diz Ronaldo Patah, estrategista de investimentos da gestora de patrimônio UBS Consenso. Segundo ele, quem está otimista em relação à economia aposta na vacina contra a Covid-19, na boa dinâmica do agronegócio e nos programas de privatização. Já as principais preocupações são o colapso do sistema de saúde, o desemprego e as variantes do coronavírus.
Para ele, o pior das negociações em torno do orçamento parecem ter ficado para trás. Após um embate duro, o governo encontrou uma solução que reúne a equipe econômica, os ministérios interessados em gastos com infraestrutura e o Congresso. De acordo com a análise, a maioria dos investidores brasileiros enxerga o mercado americano como o mais atrativo, com 82% das respostas, com o europeu e o asiático na sequência, com 68% e 60%, respectivamente. A América Latina foi citada por 53% dos entrevistados.
Patah diz que, à medida que a economia global se recupera, com internações e óbitos relacionados à Covid-19 decrescendo, os investidores em todo o mundo buscam oportunidades. A preferência do brasileiro por ativos nos EUA significa um aumento estrutural da alocação offshore. “No entanto, essa saída não é tão importante a ponto de impactar a conta de capitais, uma vez que o fluxo de estrangeiros tem sido dominante”, disse.
Cerca de 59% dos entrevistados disse ter como objetivo maximizar o retorno nos próximos seis meses e 75% responderam estar satisfeitos com as perspectivas de rentabilidade das suas carteiras. A parcela em caixa segue, contudo, elevada, com 24% do patrimônio, na média. As razões citadas para manter liquidez acima de 10% foram reservas emergenciais (61%), ter munição para aproveitar oportunidades de investimentos (59%) ou para se proteger de viradas de mercado (53%).
Inflação
Com inflação, há uma propensão global a investir em ativos de renda variável, em detrimento da renda fixa, diz Patah. Com a depreciação do caixa, ativos digitais também vêm ganhando a preferência, com 84% dos milionários brasileiros afirmando ver uma boa relação risco/retorno. As criptomoedas foram citadas como principal alvo por 67% dos entrevistados, seguidas por ativos digitais atrelados a ativos reais como commodities (55%) ou a títulos de dívida e ações (43%). Investidores experientes nesse campo mostram a intenção de aumentar a alocação (81%) nos ativos digitais. Entre os empreendedores, 75% disseram estar confiantes com seus negócios por causa do avanço da vacinação.


