CPI assume erro e retira jornal da lista de propagadores de fake news
Consultores legislativos haviam colocado Gazeta do Povo como veículo que espalha 'conteúdo inadequado'

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News cometeu um erro ao colocar o jornal paranaense Gazeta do Povo em uma lista de 47 supostos propagadores de fake news. No fim do dia, consultores legislativos admitiram o equívoco, se retrataram e retiraram o jornal da lista de sites com "conteúdo inadequado", de acordo com o entendimento da comissão.
“Concluímos que a inclusão do jornal Gazeta do Povo na categoria ‘canais com comportamento desinformativo’ foi equivocada”, destaca o documento divulgado na última quarta-feira (3), assinado pelos consultores legislativos Cristiano Aguiar Lopes e Daniel Chamorro Petersen. “Nos retratamos, portanto, de ter atribuído essa classificação no anexo da informação e promoveremos a sua retirada”.
O documento original, produzido por assessores do Congresso e divulgado na última quarta-feira, mapeou gastos de propaganda do governo federal em veículos.
A inclusão do jornal na lista rendeu um misto de surpresa e protestos, incluindo do presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech.
O erro aconteceu durante o momento em que o Congresso tenta votar um projeto para combater informações falsas. De acordo com especialistas, uma lei sobre desinformação, dada a dificuldade de definição do problema em termos objetivos, pode limitar a liberdade de expressão e causar prejuízos ao jornalismo.
“Este episódio demonstra os riscos de se gravar em lei um conceito de desinformação e deixar a cargo do Estado a classificação de uma notícia como falsa”, disse o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel.