Custos dos planos de saúde podem ter reajuste de 25% em 2024 no Brasil
Inflação médica três vezes maior que a oficial impulsiona aumento

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Os custos dos planos de saúde empresariais no Brasil ultrapassaram a média mundial, e as operadoras estão prevendo um reajuste de aproximadamente 25% em 2024, afetando cerca de 41 milhões de beneficiários.
No último ano, a inflação médica aumentou 14,1%, três vezes mais que a inflação oficial (IPCA) de 4,8%. Essa taxa excede a média global de 10,1%, segundo dados da consultoria AON, que avaliou os custos dos insumos médicos em 113 países. O reajuste dos planos empresariais, estimado em 25%, considera não apenas a inflação médica, mas também fatores como fraudes, utilização dos planos e desempenho financeiro do setor. Em 2023, as operadoras enfrentaram um déficit operacional de R$ 5,1 bilhões.
Leonardo Coelho, vice-presidente da AON Brasil, aponta que o tamanho da população e do território brasileiros representam desafios significativos, como eficiência operacional e distribuição de recursos. Além disso, as coberturas e medicações obrigatórias aumentaram nos últimos anos, enquanto a oferta de planos com coberturas mais especializadas permanece limitada em comparação com outras regiões.
Os planos empresariais não são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que permite às operadoras determinar o índice de reajuste. Ao contrário dos planos individuais e familiares, que foram reajustados em 9,63% no ano passado e têm previsão de alta de 8,7% em 2024, os planos empresariais não possuem limites estabelecidos pela ANS. Isso levou algumas operadoras a reduzir a oferta de planos individuais e familiares, incentivando a adesão a planos empresariais com menor regulamentação.
Os reajustes significativos têm impactado diretamente os consumidores. Jean Paul Robin, por exemplo, viu sua mensalidade aumentar 24,7% em março, passando de R$ 11,6 mil para R$ 14,4 mil para ele, sua esposa e dois filhos. Após explorar outras opções, percebeu que os aumentos eram recorrentes e pouco justificados.
Especialistas apontam para a falta de regulação da ANS nos planos empresariais e a atribuem à escalada dos custos e aos reajustes abusivos. As operadoras, por sua vez, justificam os aumentos citando a crescente utilização dos planos, especialmente após a pandemia, e os altos custos médicos.