De fígado de tubarão à alumínio, conheça o motivo dos estranhos ingredientes fazerem parte das vacinas
Os chamados "adjuvantes" são substâncias que ajudam a tornar imunizantes eficazes

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Os primeiros registros da vacinação de um imunizante são do século XVIII, quando o médico Thomas Dimsdale foi à Rússia para introduzir a vacina na imperatriz Catarina, pois o seu marido, Dom Pedro III, havia se infectado pela varíola, uma doença altamente contagiosa.
Dois séculos depois, em 1925, o veterinário francês Gaston Ramon se questionou como ele poderia tornar as vacinas mais eficazes. A partir disso, percebeu que nem todos os animais reagiam da mesma forma a um imunizante. Nos casos da doença de difteria, responsável pela morte de cavalos em massa, Ramon observou que quando os animais desenvolviam abcessos de grande dimensão no local em que eram vacinados, os organismos dos cavalos tinham uma tendência a dar respostas imunitárias mais fortes. No entanto, os animais que não apresentavam alterações a olho nu, pro outro lado, não respondiam bem à vacina.
Com o objetivo de fazer um imunizante que fosse eficaz, Ramon testou uma série de ingredientes, entre eles tapioca e o amido. E foi a partir disso, que nasceu o termo "adjuvantes", que segundo o Infarmed, esses ingredientes promovem a aceleração e o aumento de uma resposta imunitária.
“Sem um adjuvante, os anticorpos desaparecem normalmente algumas semanas ou meses após a administração das vacinas. Mas com adjuvantes eles podem durar alguns anos”, explica Bingbing Sun, engenheiro químico da Universidade Tecnológica de Dalia, na China.
Entre os adjuvantes mais utilizados está o alumínio, que é considerado um dos químicos mais seguros da história da vacinação. O composto, atualmente, faz parte da fórmula contra o tétano, tosse convulsa, hepatite A, hepatite B, meningite B e pneumococo.
Outro adjuvante mais clássico no mundo da farmacêutica é o esqualeno uma substância oleosa produzida a partir de fígado de tubarão. O esqualeno também está sendo testado nas fórmulas contra o coronavírus, após a sua eficácia na vacinação contra a gripe.
Porém, de acordo com a Shark Allies, uma organização dedicada à conservação de tubarões e arraias, caso a população mundial recebesse uma dose da vacina contra a Covid-19 que tivesse na sua formulação esqualeno, seria necessário matar cerca de 250 mil tubarões.
Nas adições mais recentes do chamado adjuvante, está o termo "fantasmas bacterianos", que são componentes feitos a partir das peles vazias de bactérias. Há outras milhares de supostas adjuvantes, no entanto, ainda não foram licenciadas.