Defesa de adolescentes negros espancados por seguranças do Salvador Shopping reconhece três crimes na ação
Jovens, de 14 e de 15 anos, foram agredidos na segunda (28)

Foto: Reprodução
A defesa dos dois adolescentes negros que foram agredidos por seguranças do Salvador Shopping disse nesta quarta-feira (30), em entrevista à Record TV Itapoan, que há pelo menos a prática de três crimes na ação, entre eles o de injúria racial. Os jovens, de 14 e de 15 anos, foram agredidos na noite da última segunda-feira (28). "Será que se fosse um branco, de olhos claros, que estivesse bem arrumado, a abordagem dos seguranças seria a mesma?", questionou o advogado Marcos Rodrigues, em entrevista.
"Nos vídeos, o que visualizamos foram vários crimes praticados por aqueles seguranças. A gente pode perceber ali, logo de início, um constrangimento ilegal, porque aqueles jovens estavam sendo constrangidos, por uma violência grave, e num momento que ele não oferecia mais qualquer tipo de resistência", completou o advogado. De acordo com Marcos Rodrigues, a partir do exame de corpo de delito, realizado na terça-feira (29) pelos adolescentes, também pode ser constatada a prática de crime de lesão corporal leve.
"Por fim, pra mim, a mais grave, é a que passa despercebida nos vídeos, é a questão da injúria racial [...] Eu tive a oportunidade de conversar com os menores, [eles disseram] que foram xingados a todo momento depois que adentraram naquela sala secreta que, infelizmente, só eles sabem o que passaram lá. Foram agredidos, violentados. Foram chamados de ladrões. Foi o que eles passaram para nós, advogados", afirmou. "A gente sabe que a injúria racial é um crime que ofende a integridade daquela pessoa, a honra. E não é só um xingamento. É a questão da cor, da etnia, da raça, da religião".
Em nota, o Salvador Shopping lamentou o ocorrido e informou o afastamento dos funcionários envolvidos na ação. De acordo com Rodrigues, a medida não isenta o centro comercial de ser responsabilizado na esfera civil.