Deposição em vias de absolvição

Por Editorial
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Deposição em vias de absolvição

Foto: Reprodução

É alarmismo barato e sensacionalismo midiático a espetacularização do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovado ontem na Câmara. A decisão da maioria democrata (230 ante 197 votos dos republicanos) enfrentará a análise de um Senado dominado pela base governista, ou seja, é praticamente certo que o mandatário norte-americano seja absolvido. Deve, mesmo, permanecer no cargo até o final de 2020, quando o país voltará às urnas para eleger um novo chefe do Executivo local, em pleito que o próprio Trump participará, se confirmada a expectativa de enterrar de vez este processo que tenta tirá-lo do poder. 

É barulho oposicionista, apesar de serem graves as acusações às quais Trump enfrenta no impeachment: usar as vantagens de seu cargo para solicitar ao presidente da Ucrânia que investigasse o filho de Joe Biden, um de seus possíveis adversários durante a eleição presidencial do ano que vem, além de outro processo – aprovado por 229 a 198 – por abuso de poder.

No entanto, tudo soa como queda de braço pré-campanha eleitoral entre os dois principais partidos dos EUA. Poucas são as provas contundentes para escancarar um crime.

No Senado, o planejamento é de um julgamento rápido (previsto para o início de 2020), processado em curto período de tempo, para logo absolver Trump. Vale lembrar que, na Câmara, a discussão durou cerca de três meses e foi difícil enfim costurar uma matéria que exigisse a deposição do presidente. Se depender de alguns parlamentares republicanos, nem mesmo testemunhas serão ouvidas. Muitos, publicamente, já avisam que votam alinhados fervorosamente com a Casa Branca. 

O processo do impeachment é tão raso que até mesmo Trump dá de ombros. Ontem, durante a votação na Câmara, o presidente discursava para cerca de 10 mil apoiadores numa grande arena, nos arredores de Washington. É a força da base republicana, seja popular ou no Congresso, que agora está concentrada na obediência dentro do Senado. “Sou o primeiro a ser alvo de impeachment sem crime”, disse durante este evento, uma afirmação que, talvez, até mesmo os democratas concordam, mas, pelo jogo político, devem rechaçá-la.

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