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Deputada contra a cultura das armas é alvo de linchamento nas redes sociais após exigir segurança 24 horas

No Twitter, alguns internautas chegaram a classificá-la como “hipócrita”, “sem noção” e “lunática”

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Deputada contra a cultura das armas é alvo de linchamento nas redes sociais após exigir segurança 24 horas

Foto: Rafaela Felicciano - Divulgação

A polêmica envolvendo a posse de arma e o direito do cidadão de se defender de bandidos ganha uma nova página no noticiário brasileiro e reacende os burburinhos nas redes sociais. Desta vez, quem ganha os holofotes é a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), amiga de Marielle Franco, que diz ser vítima de ameaças de morte.

Em abril deste ano, a Polícia Federal (PF) obteve informações de conversas captadas na chamada "dark web", segundo as quais um plano contra a vida da parlamentar estaria sendo elaborado desde 2018. Desde então, ela está sendo acompanhada por agentes da Polícia Legislativa em todos os lugares nos quais circula em Brasília.

Diante da gravidade do teor das ameaças, a própria Polícia Federal informou o caso ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que enviou um ofício ao governador do Rio, Wilson Witzel, solicitando proteção e escolta 24 horas para a parlamentar quando ela estiver no Rio. A assessoria de Talíria afirma que chegaram a encaminhar, junto ao PSOL, ofícios para que Witzel tratasse do assunto como “gravidade”.

A assessoria da deputada, no entanto, diz que o governador ignorou as solicitações. Em nota ao jornal O Globo, o governo do Rio disse que a solicitação de escolta pessoal para a deputada foi tecnicamente analisada pelo Gabinete de Segurança Institucional. “Por se tratar de um pleito na esfera Federal, o gabinete concluiu que este deve ser verificado pela Polícia Federal e irá encaminhá-lo à Superintendência da PF no Estado do Rio de Janeiro”, argumenta.

Com a negativa do governo e da PF, Talíria definiu os rumos do seu caso como "absurdo". A revolta da deputada foi um prato cheio para ser comemorada nas redes sociais pelos apoiadores do decreto de posse e porte de armas. No Twitter, alguns internautas chegaram a classificá-la como “hipócrita”, “sem noção” e “lunática”. Os adjetivos foram digitados porque Talíria, como deputada, atua com direitos humanos e segurança pública. Ela, assim como toda bancada do PSOL, se diz contra a flexibilização e a cultura das armas, segundo posts nas redes sociais, manifestação em assembleias e textos encaminhados à Câmara dos Deputados. “Mais livros, menos armas”, publicou Talíria no Twitter.

“Não peça por seguranças armados, peça mais iluminação e carregue sempre uns livros, pois o problema da violência se resolve com educação e dê um abraço no criminoso. Vai ficar tudo bem!”, ironizou um seguidor. “Se quiser segurança, que contrate um particular. Mas ser contra o cidadão de bem ter uma arma e exigir escolta armada já é muita safadeza, hipocrisia”, disse outra seguidora.

Caso à parte – O sociólogo Cláudio Filho, do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, que estuda o fenômeno da escalada da violência no país há mais de duas décadas, sob cuidados do grupo de pesquisa do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública, diz que a solicitação de Talíria Petrone referente à escolta pessoal armada não pode ser considerada como hipocrisia, e o caso tampouco deve ser comparado com um cidadão comum de possuir uma arma de fogo. 

“Trata-se de um caso à parte. É uma deputada que era braço direito de Marielle, tem vários inimigos e grupos que não medem esforços para tirá-la de cena”, explica. “Não podemos compará-la ao dono de um mercadinho que quer levar uma arma na cintura”, diz. 

O ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, também é a favor da escolta armada para a deputada. Em rede social, ele afirmou que o acesso fácil às armas causa inúmeras tragédias e o desarmamento funciona como instrumento importantíssimo à vida. “Armar a sociedade é um fator de risco para o aumento das mortes violentas no país. O uso de armas deve ser restrito às forças policiais”, pontua.

Mas as opiniões dos especialistas são refutadas pelos líderes do movimento Defensores das Armas de Fogo. Que o diga o empresário Márcio Freitas, 47. Para ele, a segurança pública não consegue dominar a criminalidade e quem sofre é o cidadão comum. “No Brasil, uns têm direito a andar com armas e outros não. Se um bandido invadir a minha empresa, quem é que vai ficar prejudicado? O que a polícia vai fazer depois?”, questiona. 
 

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