Dezembro laranja: Câncer de pele é o mais incidente no Brasil
Apesar de ser o tipo mais comum, os carcinomas têm baixa letalidade

O Brasil deve registrar mais de 2 milhões de novos casos de cânceres até 2025. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o mais incidente é o de pele não melanoma, com 31,3% dos casos. Neste mês, começa o verão e consequentemente a exposição aos raios solares é maior. Para incentivar o cuidado com a pele, é realizado a Campanha Dezembro Laranja.
Apesar de ser o tipo mais comum, os carcinomas - carcinoma basocelular e carcinoma epidermoide - têm baixa letalidade. Já os melanomas que, apesar de menos frequentes, são mais graves por causa do risco de metástases aumentado.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. Para identificar quando uma mancha na pelo deve ter atenção especial a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia da Bahia (SBD-BA), a dermatologista Ana Lísia da Costa, destaca que é importante observar “sinais” novos ou antigos que sofram alguma alteração e procurar um especialista.
“Primeiro, se é uma mancha nova de surgimento recente, um sinal, como todo mundo chama, se é uma lesão castanha que tenha mais do que três cores: marrom, preto, branco, azulado, avermelhada; se apresenta um crescimento rápido que está ferindo ou inflamando, demorando de cicatrizar. Se é uma antiga que está se modificando adquirindo essas características ficando meio irregular, mudando o padrão.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença é mais comum em pessoas de pele clara, sensíveis à ação dos raios solares, com história pessoal ou familiar deste câncer ou com doenças cutâneas prévias. Além disso, a média de idade dos pacientes vem diminuindo por causa da constante exposição aos raios solares.
De acordo com a presidente da SBD-BA, Ana Lísia, a prevenção contra o câncer é consiste em proteger a pele. “A proteção solar - FPS 30 ou mais diariamente - é a principal, mas para além da forma tópica com cremes, roupas de proteção solar, chapéu, óculos escuros são barreiras físicas que ajudam na prevenção. Existem capsulas para potencializar ajudam na proteção do DNA, mas são indicados para pacientes com históricos com câncer de pele ou outras doenças como Lupus”.
O tratamento inicial é a retirada da lesão e do tecido ao redor por meio de cirurgia. Quimioterapia ou radioterapia são recursos terapêuticos utilizados nos casos mais graves. Segundo o cirurgião plástico, Fernando Amato, em alguns casos o tumor é retirado durante a biopsia por conta do tamanho.
“Quando a gente suspeita de um câncer de pele não pode fazer uma biópsia só tirando uma parte do tumor. Dependendo da localização é melhor que a gente faça uma biópsia excisional, retirando toda a lesão. Muitas vezes são lesões muito pequenas. Mas, há casos que precisa ampliar a margem para ser mais seguro e não ocorrer recorrência”, afirmou.
Campanha
Sociedade Brasileira de Dermatologia da Bahia (SBD-BA) realiza a campanha “Não espere até sentir na pele”, nesta semana. A iniciativa faz parte do calendário nacional da saúde desde 2014. A iniciativa desse ano tem a retomada dos mutirões gratuitos à população para identificar casos novos da doença.
Os atendimentos estão previstos para acontecer em 3 de dezembro (sábado), de 9h às 15h. Ao todo, serão aproximadamente 100 postos cadastrados e espalhados pelo Brasil nos quais os pacientes contarão com o atendimento de especialistas da SBD e receberão informações sobre prevenção ao câncer da pele. Pacientes que tiverem alguma lesão suspeita serão encaminhados para tratamento. Confira os locais no site.
Pandemia
Os dados da SBD apontam que entre 2020 e 2021, no auge da pandemia, mais de 17 mil casos de câncer de pele deixaram de ser diagnosticados. No período, o total de internações em decorrência da doença também caiu 26%, segundo informações do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante o ano de 2020, foram realizados 17.227 diagnósticos a menos dessa doença do que em 2019. Isso significa que o número absoluto de casos registrados foi 24,7% menor do que no período anterior ao avanço do coronavírus.