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Dia de Combate ao Alcoolismo: 55% da população brasileira tem o costume de ingerir bebidas alcoólicas

Em entrevista ao Farol da Bahia, especialista alerta sobre danos

Por Ane Catarine Lima
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Dia de Combate ao Alcoolismo: 55% da população brasileira tem o costume de ingerir bebidas alcoólicas

Foto: Getty Images

A sexta-feira chegou e com o final de semana na porta é comum que a maioria dos brasileiros, principalmente os trabalhadores, encontrem os amigos para tomar a famosa gelada. Apesar de ser uma prática comum e aparentemente inofensiva, ela pode tornar-se um vício. Dados de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig) mostram, por exemplo, que cerca de 55% da população tem o costume de ingerir bebidas alcoólicas, sendo que 17,2% declararam aumento do consumo durante a pandemia. 

Além disso, a pesquisa aponta que uma em cada três pessoas no país consome álcool pelo menos uma vez na semana. Nesse caso, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi relatado por 18,8% dos brasileiros. Os soteropolitanos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), saltam em primeiro lugar no ranking de adultos com maior proporção de consumo de álcool com frequência semanal, em comparação com outras capitais. De cada 10 pessoas, quatro bebem uma vez por semana.

Hoje, 18 de fevereiro, é o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, data que visa conscientizar sobre danos e doenças que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode causar. Especialista em tratamento das adições, o psiquiatra Mateus Freire disse ao Farol da Bahia que não há como definir por quantidade ou frequência se uma pessoa tem ou não uma adição ao álcool. Segundo ele, o que ajuda a definir a existência de uma síndrome de dependência é a tolerância.

Nesse caso, é necessário observar se o indivíduo precisa de doses maiores a cada vez que consome para alcançar o efeito esperado que, no caso dos usuários de álcool, é o estado subjetivo da embriaguez. “Outros sinais importantes para se atentar são: vontade muito intensa pela substância ou efeito esperado; dificuldades em controlar ou interromper o uso; abandono de outras atividades cotidianas ou de lazer em função deste consumo e a presença da chamada síndrome de abstinência”, disse o especialista.

“Estes são sinais a ter atenção e que ajudam no diagnóstico de síndrome de dependência, sendo que essas características podem também ser observadas nas adições a outras substâncias psicoativas”, completou. 

Apesar da gravidade dos problemas que envolvem o consumo de álcool, a maioria das pessoas não sabe que o alcoolismo é uma doença. De acordo com Freire, esse assunto não é pautado em discussões sobre o tema. “Não é discutido sobre até que ponto o comportamento é considerado uma doença ou não. O alcoolismo é dependência ao álcool, é uma síndrome de dependência a essa substância específica que é o álcool etílico. Essa síndrome de dependência pode ser a vários objetos, a outras drogas ou a jogos de azar, por exemplo. Então, o que diferencia é justamente a substancia”, disse Freire. 

“Denominar algo de uma doença tem seus pontos a favor e contra. A favor porque se algo é considerado uma doença, ou transtorno mental como chamamos, significa que a pessoa tem um problema que precisa ser reconhecido como uma questão de saúde e que, sobretudo, ela precisa de tratamento e respeito. Isso, no entanto, é ao contrário da gente considerar o alcoolismo ou outras dependências como um problema de caráter. A sociedade tende atribuir o alcoolismo a pessoas falhas. Por outro lado, se a gente considera apenas como uma doença, tiramos, de certa forma, a responsabilidade da própria pessoa”, continuou o especialista.  

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) mostram que todos os anos cerca de três milhões de mortes são causadas no mundo por conta do uso nocivo do álcool. Essa realidade representa 5,3% de todas as mortes, além de ser o fator responsável por causar mais de 200 doenças e lesões. Com isso, Mateus Freire alerta que o álcool etílico, substância que contém nas bebidas alcoólicas, é tóxico para o organismo e responsável por efeitos no psiquismo, além de ser danoso para todos os órgãos e sistemas do corpo.

“É muito comum as pessoas chegarem para atendimento somente após desenvolverem problemas graves, como insuficiência hepática, gastrite ou úlcera péptica, pancreatite, crises convulsivas, déficits cognitivos, dentre outras complicações do alcoolismo crônico”, afirma o psiquiatra, que reforça a importância de perceber os sinais da dependência e procurar ajuda profissional.

Ele alerta, ainda, para os danos a curto prazo que podem ser percebidos na transformação do comportamento. Nesse caso, ao consumir álcool, a pessoa pode se apresentar de forma agressiva. Além disso, ele chama atenção para o uso da substância com o objetivo de “adormecer” sentimentos como tristeza, por exemplo. “Normalmente, as pessoas que estão bebendo muito não percebem algum dos prejuízos que estão acontecendo no seu corpo”, reforça Freire.

Tratamento

Em relação às formas de tratar o alcoolismo, especialistas afirmam que pedir ajuda é o primeiro passo. O tratamento para o alcoolismo geralmente é feito com acompanhamento médico e terapêutico e alguns medicamentos podem colaborar. 

Serviço gratuito 

Na capital baiana, as Obras Sociais Irmã Dulce oferecem gratuitamente um atendimento a pessoas com problemas relacionados ao uso abusivo e à dependência de etílicos, através do Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas (CATA). Além disso, há os CAPS AD Gregório de Matos, Gey Espinheira e Pernambués, que oferecem atendimento gratuito voltado para dependência ao álcool e outras drogas.  

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