Dia Internacional da Mulher: Maria Bonita completaria 110 anos
Cangaceira foi uma das maiores precursoras feministas do Brasil

Foto: Reprodução
No dia em que o mundo celebra a vida das mulheres, uma das maiores percursoras femininas do Brasil por representar força e independência, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, completaria 110 anos nesta segunda-feira (8).
Antes de trocar a vida tradicional pelo cangaço, Maria já se mostrava uma mulher com características fortes e diferente do que era habitual na época. Casou-se quando tinha 15 anos como sapateiro José Miguel da Silva, o Zé do Neném, com quem teve um relacionamento marcado por infidelidades e agressões por parte do companheiro.
Esse foi um período em que mulheres não podia votar ou pedir o divórcio, e foi na mesma época que conheceu Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Entre encontros dele pela fazenda em que os pais dela viviam, ela pediu para acompanhá-lo no cangaço, e assim, deixou o casamento.
"Ela entra no cangaço em 1929. No primeiro ano, de 1929 até 1930, ela não vai peregrinar com o grupo, e fica em um deserto de tribos indígenas no sertão da Bahia", conta o historiador especialista em cangaço Frederico Pernambucano ao Correio Braziliense. "Ela foi uma precursora. Quando Maria Bonita se insinua para acompanhar o bando e ele se apaixona, Lampião deve ter procurado ilação para romper a tradição do cangaço e assim aceitar a presença da primeira mulher, que foi Maria Bonita", completa.
O historiador relata que Maria Bonita era vista com admiração enquanto esteve ao lado de Lampião. "Ela era vista com muito respeito, de certo modo, com muita admiração pelas mulheres".
"Se a mulher quisesse cozinhar, ela cozinhava. Tinha liberdade de fazê-lo ou não. O que se diz é que as mulheres viviam para 'luxar', para se perfumar. O papel da mulher não era combater", afirma. "Tinha uma liberdade de vida, mas no fundo, era como a tradição, tanto da cultura pastoril quanto da subcultura do cangaço, em um ponto que não inovou, era que uma mulher era uma propriedade do seu homem. Se houvesse adultério, o marido. traído poderia matá-la ", destaca Pernambucano.
De acordo com o perfil bibliográfico divulgado pela Fundação Joaquim Nabuco, Maria Bonita teve uma filha, chamada Expedita, que foi criada por pessoas próximas ao casal porque o movimento do cangaço não permitia a presença de crianças.
Maria Bonita morreu em 28 de julho de 1938, após um ataque surpresa de policiais ao local de esconderijo do bando, na fazenda Angicos, no sertão de Sergipe. Ela foi baleada e não resistiu. Lampião também morreu durante o ataque.