Dia Internacional dos Povos Indígenas foca no papel da mulher em conhecimentos tradicionais
Data também serve de alerta para a urgência da maior proteção diante do aumento das invasões aos seus territórios e da violência

Foto: ONU Mulheres Equador/Johis Alarcón
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, realizado em 9 de agosto, terá como tema deste ano o o papel das mulheres indígenas na conservação e transmissão dos conhecimentos tradicionais. Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembra que elas são as guardiãs de sistemas tradicionais de alimentação e remédios naturais.
De acordo com Guterres, são também as mulheres indígenas que transmitem as línguas e as culturas dos povos indígenas e defendem o meio ambiente e os direitos humanos. O chefe da ONU afirma que sem dar voz às mulheres indígenas será impossível alcançar equidade e sustentabilidade como previsto na Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável.
Exploração de recursos indígenas sem autorização
Apesar do compromisso internacional para preservar e proteger a cultura e tradições indígenas, ainda existe exploração desses recursos. Em alguns países, objetos sagrados dos indígenas são usados, ameaçados ou patenteados para uso comercial sem autorização.
Para a agência da ONU, é preciso criar regimes legais para garantir que as mulheres indígenas possam ser beneficiadas de seu próprio conhecimento com reconhecimento internacional, evitando o uso ilegal por terceiros.
Por isso, as mulheres indígenas têm que ser parte do processo de decisão de como sua própria herança é usada, mantida e gerenciada.
Desmatamento no Brasil
A comemoração do Dia dos Povos Indígenas também serve de alerta para a necessidade urgente de receberem maior proteção diante do aumento das invasões aos seus territórios e da violência. Na Amazônia, um estudo publicado hoje mostra que a terra indígena Apyterewa, no Pará, foi a mais pressionada pelo desmatamento no segundo trimestre deste ano, entre abril e junho.
Chamada de “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, a pesquisa é publicada trimestralmente pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Nesta última edição, o levantamento mostrou que a Apyterewa também foi o quatro território no ranking de todos os tipos de áreas protegidas da Amazônia que mais sofreu com a pressão do desmatamento, atrás apenas das APAs Triunfo do Xingu e do Tapajós, no Pará, e da Resex Chico Mendes, no Acre.
Localizada no município de São Félix do Xingu, a Apyterewa já havia sido a terra indígena mais desmatada na Amazônia em 2021, o que apontava a necessidade urgente de ações de proteção ao território. Neste ano, em maio, novas invasões de grileiros foram registradas no local, onde reside o povo Parakanã. Conforme a Polícia Federal, os invasores inclusive haviam deixado rebanhos bovinos sobre a terra indígena.
“Somente no mês de junho, a TI Apyterewa concentrou 52% de todo o desmatamento ocorrido nas terras indígenas da Amazônia. Foram 14 km², o que corresponde a 1.400 campos de futebol”, explica Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.