Dia Mundial do Diabetes: é possível controlar a doença e manter o bem estar?
O Farol da Bahia conversou com a endocrinologista Renata Camia, que explicou as causas e consequências da enfermidade

Foto: Steve Buissinne por Pixabay
O diabetes afeta 16,8 milhões de pessoas no Brasil e foi responsável pela morte, em 2021, de 214 mil pacientes diagnosticados com a doença, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). No mundo, estes números sobem, respectivamente, para 537 milhões e 6,7 milhões, segundo a Federação Internacional de Diabetes (FID).
O Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta segunda-feira (14), foi criado para conscientizar a população sobre as causas da doença e como se prevenir. A data marca o aniversário de Frederick Banting, co-descobridor da insulina, principal recurso para controlar os efeitos da enfermidade.
A insulina é fundamental especialmente para o tipo 1 do diabetes, que se caracteriza por uma deficiência desse hormônio, a partir de um processo autoimune do corpo, e geralmente é provocado por maus hábitos alimentares e sedentarismo. Isso é o que explica a endocrinologista Renata Camia.
“O diabetes se caracteriza pela hiperglicemia, porque há uma deficiência da produção ou resistência da ação da insulina, o que provoca um aumento do açúcar no sangue. No tipo 1, a deficiência ocorre porque algum processo autoimune do corpo deixa de reconhecer células do pâncreas, que produz naturalmente a insulina, e o organismo deixa de gerar esse componente. O tratamento principal é a injeção da própria insulina no corpo, para suprir a ausência do hormônio”, detalhou.
De acordo com a endocrinologista, o diabetes tipo 2, que é o mais comum, tem como fator principal a hereditariedade. Ela alerta que pessoas que têm casos da doença na família precisam controlar a glicemia e dar ainda mais atenção para os hábitos saudáveis.
“Se há diabetes no histórico familiar, a pessoa precisa ter muito mais cuidado. Uma rotina de alimentação desregulada e de sedentarismo pode facilmente se transformar em um quadro de desenvolvimento da doença. Outra coisa importante é sempre fazer triagem com um médico para acompanhar os índices de glicemia e outros indicadores”, destacou.
A doença é crônica e, atualmente, não possui cura. Apesar disso, Renata Camia explica que é possível controlar o diabetes e manter o bem estar através da recuperação destes hábitos saudáveis.
“Se o paciente se comprometer em seguir um planejamento alimentar melhor e manter uma rotina de exercícios físicos, dá para normalizar os exames, até mesmo com uma possível suspensão dos remédios”, afirmou ela.
A engenheira Mariângela Santana, de 59 anos, convive com o diabetes tipo 2 há 15 anos. Ela tinha casos da doença na família, mas não fazia exames regulares e não mantinha uma alimentação saudável, apesar de incluir os exercícios físicos na rotina.
O diagnóstico apareceu depois que ela foi ao médico para averiguar alguns sintomas iniciais que estava constatando, como sede excessiva, dormência nas mãos e nos pés e cansaço extremo.
Felizmente, os sintomas apareceram logo no primeiro estágio do diabetes e a doença foi confirmada com pouco tempo de existência. Desde lá, ela mudou completamente os hábitos.
“O diagnóstico foi um estalo para a realidade. Eu não cuidava nem um pouco da alimentação, mesmo sabendo do meu histórico familiar, que incluía um tio e uma prima de primeiro grau, e achava que as atividades físicas se encarregariam de me garantir saúde. Não me dei conta de que tinha aumentado tanto o meu peso e só fui cair na real de tudo quando o médico me disse que eu estava com diabetes. Foi aí que realmente temi pela minha vida e passei a seguir as orientações dele. Fiz uma reeducação alimentar, mantive os exercícios e hoje vivo bem e estou em processo de suspensão dos medicamentos. E posso te dizer: meus exames estão melhores do que antes do diagnóstico e eu estou bem mais saudável”, relatou ela.
A endocrinologista Renata Camia também fez um alerta para as pessoas que foram diagnosticadas com diabetes, mas não seguem o tratamento, por não terem sintomas.
“Para aqueles que acham que os altos índices de açúcar no sangue não significam nada demais se o paciente não estiver sentindo nada, eu chamo a atenção que nem sempre a consequência é imediata. A glicose alta por muito tempo vai machucando as nossas células e provocando lesões, como no olho, nos rins, no coração, no sistema vascular cerebral, nos nervos, causa impotência sexual. Em casos mais graves, inflamações podem gerar até perdas de membros do corpo”, alertou.