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Direção da Abin sob Lula interferiu em investigação sobre software espião, diz PF

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Direção da Abin sob Lula interferiu em investigação sobre software espião, diz PF

PF afirma que "a direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação"

Por FolhaPress
Direção da Abin sob Lula interferiu em investigação sobre software espião, diz PF
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sob o governo Lula (PT) tentou interferir nas investigações sobre o uso do software espião FirstMile durante o governo Jair Bolsonaro (PL), diz a Polícia Federal.

No pedido que fez ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para a realização de operação desta quinta-feira (25), a PF afirma que "a direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação".

Para a PF, houve "conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin", que teriam causado prejuízos à investigação e também para a própria agência.

O órgão cita o número dois da agência, Alessandro Moretti, e diz que, em reunião com investigados, ele afirmou que a apuração sobre o caso tinha "fundo político e iria passar". Moretti é delegado da PF.

"Não é postura esperada de Delegado de Polícia Federal que, até dezembro de 2022, ocupava a função de Diretor de Inteligência da Polícia Federal cuja essa unidade –Divisão de Operações de Inteligência lhe era subordinada", afirma a PF no pedido.

"A reverberação das declarações da Direção da Abin, portanto, possui o condão de influir na liberdade e na percepção da gravidade dos fatos pelos investigados ao afirmara existência de 'fundo político' aos investigados", diz a entidade.

Com base em depoimento, a PF diz que houve, após o início das investigações, uma estratégia da direção-geral da Abin para "tentar acalmar a turma".

"A percepção equivocada da gravidade dos fatos foi devidamente impregnada pela direção atual da Abin nos investigados", diz a Polícia Federal. Isso "não alterou o cenário vivido pelos investigados" em relação ao tempo em que estavam na gestão de Bolsonaro, "em nítida relação de continuidade", afirma o órgão.

Moretti foi número dois de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, entre 2018 e 2021, e diretor de inteligência na PF no último ano do governo Bolsonaro.

Quando Lula indicou o delegado da PF Luiz Fernando Corrêa para o comando da Abin, o Senado atrasou sua sabatina por ele ter escolhido pessoas apontadas como bolsonaristas para a cúpula da agência, inclusive Moretti.

Ao ser sabatinado, Corrêa saiu em defesa de Moretti e disse à comissão que "gozando da confiança do presidente, jamais correria o risco de expor qualquer governo a uma situação no mínimo constrangedora de indicar alguém que não tivesse esse status para a posição que estamos indicando".

Sob autorização de Moraes, a Polícia Federal cumpriu na manhã desta quinta-feira (25) mandados de busca e apreensão e de suspensão de exercício de funções públicas de policiais federais envolvidos no uso do FirstMile.

Os mandados foram cumpridos em Brasília (DF), Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Um dos alvos de busca foi Alexandre Ramagem, chefe da Abin no governo de Bolsonaro, atual deputado federal e pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Ramagem é investigado porque os monitoramentos ilegais ocorreram durante sua gestão e por supostamente ter se corrompido para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante sua gestão.

O ex-diretor da Abin teria sido corrompido por dois oficiais da Abin que ameaçaram divulgar o uso do software espião após a agência cogitar demiti-los em um processo administrativo interno por participação em uma fraude licitatória do Exército.

Segundo a PF, as provas coletadas na primeira fase da operação mostram que "o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal".

Procurada, a Abin ainda não se manifestou.
 

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