Disputa bilionária leva empresa de ex-deputado federal mais rico do país à falência
O Laginha Agroindustrial é um dos maiores processos de falência do Brasil

Foto: Reprodução/UOL
O império do então deputado federal mais rico do Brasil, João Lyra (AL), hoje dá origem a um processo judicial que conta com 104 mil páginas e 19 mil credores que aguardam receber a quantia avaliada em R$ 1,2 bilhão. O grupo Laginha Agroindustrial é um dos maiores processos de falência do país. As informações são do UOL.
Além do débito com os credores, há ainda as dívidas com bancos, que somam R$ 665 milhões. Já a dívida inscrita na lista de devedores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) soma R$ 1,97 bilhão. São 547 processos inscritos. Ao todo são mais de R$ 3 bilhões.
No início da sua candidatura, em 2014, João Lyra havia declarado um patrimônio de R$ 240 milhões (R$ 400 milhões em valores atuais), o maior daquela legislatura de todo o Congresso Nacional.
Com a falência da empresa, o caso chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está sob os cuidados do desembargador Kléber Loureiro, desde janeiro de 2019. No entanto, os advogados dos credores o acusam de parcialidade nas decisões e que tem favorecido apenas a família da Lyra.
Loureiro foi procurado, mas informou que não queria falar sobre o caso, que também é analisado por uma comissão de juízes. No entanto, todos foram designados pelo próprio Loureiro, que também é presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL).
Mas, no dia 7 de junho deste ano, os credores tiveram uma esperança. A 6ª Turma do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) negou recurso da União que questionava o pagamento de um precatório ao grupo João Lyra. Por dois votos a um, os desembargadores determinaram a transferência dos mais de R$ 690 milhões para o juízo falimentar.
Segundo o advogado Otávio Barbi, representante de um dos credores, a liberação do TRF-1 abre uma possibilidade de liquidar os débitos daqueles que estão na fila de espera pelo valor a receber.
A reportagem também tentou contato com Lyra para que comentasse sobre a ação, mas foi informado que o político não está concedendo entrevistas.