Dois poderosos grupos da moda recorrem a negociações para evitar falência
Com crise financeira cada vez mais intensa, diversas empresas têm mostrado dificuldade em se sustentar durante este novo panorama mundial

Foto: Arquivo
Não é segredo para ninguém. A pandemia do novo coronavírus mudou a forma de olhar para muitas coisas, especialmente para a relação o consumo. E a moda é um dos setores comerciais mais afetados. A prova disso são os poderosos grupos Inbrands (leia-se Ellus, Richards, VR, Salinas, Alexandre Herchcovitch, Mandi, Bobstore e Tommy Hilfiger Brasil) e Restoque (leia-se Le Lis Blanc, Dudalina, John John, Bo.Bô, Rosa Chá, Individual e Base), que decidiram entrar com pedidos de recuperação. Segundo informações do Estado de São Paulo, o grupo paulistano Inbrands contratou um escritório de advocacia para ajudar na negociação de suas dívidas que, antes mesmo da pandemia, somavam mais de R$ 500 milhões. Na Justiça, o conglomerado deve tentar delongar alguns parcelamentos feitos com instituições credoras e reestruturar um acordo financeiro firmado com os ex-sócios da companhia. Criada em 2008, a partir da associação dos empresários Nelson Alvarenga e Americo Breia com o fundo de capital privado Vinci Partners, a holding nasceu com o objetivo de liderar a moda nacional por meio da aquisição de labels bem posicionadas no mercado. À época, as classes emergentes se mostravam atraentes em meio ao crescimento econômico. Grupo Restoque Presente no mercado brasileiro desde 1982, a Restoque não demorou muito para apostar na recuperação extrajudicial. No início do mês de junho, a dona da Le Lis Blanc divulgou um plano que envolve a renegociação de R$ 1,5 bilhão em dívidas e um aumento de R$ 150 milhões em seu capital.
“Fizemos um trabalho muito artesanal e conseguimos protocolar a primeira recuperação extrajudicial desde que começou a crise”, comemorou o vice-presidente executivo de atacado do Santander, Mário Leão, ao Valor Econômico.
A negociação dá ao grupo mais prazo para o pagamento das despesas, incluindo uma carência de 12 meses para o acerto dos juros. A Planner Trustee é a credora mais impactada pelo acordo, visto que tem mais de R$ 1 bilhão a receber. Os bancos Santander, Bradesco, Votorantim, ABC Brasil, Fibra e Rendimento também são citados no documento que sanciona a negociação.