"Domo Dourado": China e Rússia criticam projeto de sistema antimísseis anunciado por Trump
Segundo Trump, caso aprovada, a iniciativa custará o equivalente a R$ 1 trilhão

Foto: Divulgação | Alan Santo/Agência Brasil | Wilson Dias/Agência Brasil
A China declarou estar “seriamente preocupada” com o projeto de escudo antimísseis, chamado de "Domo Dourado", anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na terça-feira (20).
O projeto visa bloquear ameaças da China e da Rússia. Segundo Trump, caso aprovada, a iniciativa custará o equivalente a R$ 1 trilhão e estará funcionando ao fim de seu mandato, em janeiro de 2029.
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A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou em coletiva que o escudo americano possui “fortes implicações ofensivas” e aumenta os riscos de militarização do espaço sideral e de uma corrida armamentista.
"Isto prejudica o equilíbrio estratégico e a estabilidade mundial. A China expressa uma séria preocupação com isto. Pedimos aos Estados Unidos que abandonem o mais rápido possível o desenvolvimento e implementação de um sistema global de defesa antimísseis", disse.
O Domo de Ouro é idealizado para incluir capacidades terrestres e espaciais capazes de detectar e parar mísseis em todos os quatro estágios principais de um possível ataque:
• Detectá-los e destruí-los antes do lançamento;
• Interceptá-los no estágio inicial do voo;
• Pará-los no meio do caminho no ar;
• Detê-los nos minutos finais enquanto descem em direção a um alvo.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o projeto pode forçar a retomada dos contatos entre Moscou e Washington sobre o controle de armas nucleares.
“No futuro próximo, o próprio curso dos acontecimentos exige a retomada de contatos sobre questões de estabilidade estratégica”, afirmou.
Projeto é tido como obsessão de Trump
O atual sistema americano de defesa é quase decorativo, com apenas 44 interceptadores e baixa confiabilidade. Trump é obcecado pelo tema, tendo prometido na campanha eleitoral de 2024 que levaria a cabo o chamado Domo de Ferro americano, numa referência explícita ao sistema homônimo de Israel.
As semelhanças com o famoso domo do Estado judeu param no nome. No caso israelense, o sistema é de baixa altitude, visando derrubar ameaças como drones e mísseis de curto alcance, que proliferam no cenário do Oriente Médio pós-7 de Outubro.
Analistas são céticos sobre riscos nos EUA. Desde que Ronald Reagan sugeriu o Guerra nas Estrelas com o eufemismo Iniciativa Estratégica de Defesa em 1983, cientistas sabem que é dificílimo deter um ataque com dezenas ou centenas de mísseis.
Nos anos 2000, a Rússia também trabalhou contra a instalação de um sistema contra mísseis balístico bem mais simples, o Aegis Ashore, que acabou instalado na Polônia e na Romênia para em tese cuidar de ameaças saídas do Irã.