Economia teve retração de 4% em 2020, diz Monitor do PIB

De acordo com os dados do  Monitor do PIB-FGV divulgados pelo  Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) nesta sexta-feira (19), a atividade econômica retraiu 4% em 2020. Em relação aos três grandes setores: agropecuária, indústria e serviços, apenas a agropecuária cresceu no ano (2%). Já em relação a ótica da demanda, todos os componentes retraíram, com destaque para o consumo das famílias com recuo de 5,2% no ano.

De acordo com o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Cláudio Considera, a expressiva queda de 4% da economia em 2020 consolida retrações disseminadas em diversas atividades econômicas, em decorrência da pandemia da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Para ele, apesar da economia ter acelerado no final do ano, com crescimento de 3,4% no quarto trimestre e de 1% em dezembro, nas comparações com os períodos imediatamente anteriores e com iguais períodos do ano de 2019, os resultados não foram suficientes para compensar a perda expressiva que o Produto Interno Bruto (PIB) sofreu no segundo trimestre.

“Os desafios para 2021 mostram-se grandes a partir deste cenário, tendo em vista que devido ao crescimento lento de 2017-2019 a economia foi capaz de recuperar as perdas da recessão de 2014-2016. Com o choque adverso enfrentado em 2020, que ainda não foi totalmente eliminado, os resultados de 2014, pico da série histórica, parecem cada vez mais distantes de serem alcançados”, afirmou em nota.

Estima-se que o PIB de 2020, em valores correntes, alcançou a cifra de R$ 7 trilhões, 434 bilhões e 248 milhões. O resultado do PIB de 2020 interrompeu a trajetória de crescimento que se estendia por três anos e retornou ao patamar de 2016. A valores de 2020, o PIB per capita equivale a R$ 35.108, menor valor desde 2008. Já a taxa de investimento da economia foi de 16,1% em 2020, a maior desde 2015 (17,3%).

Consumo 

O consumo das famílias retraiu 5,2% em 2020, em comparação a 2019, ainda segundo a pesquisa. O setor, que foi um dos principais responsáveis pelo crescimento da economia, após a recessão de 2014-2016, apresentou expressivo recuo em 2020, com a disseminação da pandemia. O consumo de serviços foi o que mais recuou em 2020 devido, principalmente, à retração do consumo de serviços de alojamento e alimentação, saúde privada e serviços gerais prestados às famílias.

Investimentos

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos, recuou 2,9% em 2020, em comparação a 2019. O componente de máquinas e equipamentos, que apresentou maior contribuição para o crescimento da FBCF ao longo de 2018 e 2019, foi o principal responsável pela retração em 2020. 

Na comparação interanual, a FBCF cresceu 14,5% em dezembro de 2020, devido, principalmente, ao crescimento de 36,3% do componente de máquinas e equipamentos. 

Exportação e importação 

A exportação retraiu 1,9% em 2020, em comparação a 2019. Os segmentos exportados que recuaram no ano foram os bens intermediários, os serviços e os bens de capital; com destaque para este último que contraiu 33,5% no ano. 

Já a  importação apresentou retração de 10,3% em 2020 na comparação com 2019. À exceção da importação de produtos agropecuários, que cresceu 2,3% no período, todos os demais segmentos recuaram em 2020. A importação de serviços foi a principal responsável pela queda na importação, com recuo de 28,4%, no ano.