Segundo Sindifisco, tabela do IR acumula defasagem de 113%
Se toda a defasagem acumulada nos últimos anos fosse corrigida, a faixa de isenção deveria ser ampliada para quem ganha até R$ 4.022,89

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Sem qualquer correção desde 2015, a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física tem levado o brasileiro a pagar mais dinheiro ao governo a cada ano. De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a defasagem chegou a 113,09%, considerando a inflação acumulada de 1996 a 2019 e as atualizações feitas na tabela no mesmo período.
Segundo o cálculo do Sindifisco, entre 1996 e 2020, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acumulou uma variação de 346,69%, o que supera em muito os reajustes nas faixas de cobrança do Imposto de Renda, que ficaram em 109,63%. O ano inicial do estudo é 1996 porque foi a partir de quando a tabela começou a ter os valores em reais.
O presidente Jair Bolsonaro prometeu durante a campanha de 2018 que faria a correção da tabela, mas ainda não fez. Em janeiro, Bolsonaro voltou a afirmar que gostaria de mexer nas faixas de cobrança do tributo, mas que não poderia fazer nada, porque o Brasil está "quebrado".
Ainda segundo o Sindifisco, se toda a defasagem acumulada nos últimos anos fosse corrigida, a faixa de isenção, que hoje vai até R$ 1.903,98 por mês, deveria ser ampliada para quem ganha até R$ 4.022,89. Em outras palavras, menos gente seria obrigada a pagar imposto.
Outro estudo divulgado pela Associação Nacional dos Auditores da Receita Fiscal (Unafisco) estimou que praticamente 13 milhões de contribuintes deixariam de pagar o imposto, se fosse corrigida toda a defasagem da tabela do IR.
Em 2020, o Fisco recebeu 31,98 milhões de declarações, o que representou um aumento de 4,25% na comparação com o ano anterior.