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Educação durante a pandemia: como a tecnologia tem ressignificado o estudo nas escolas

Para driblar a crise, escolas têm adotado plataformas virtuais e até redes sociais para transformar o ensino

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Educação durante a pandemia: como a tecnologia tem ressignificado o estudo nas escolas

Foto: Divulgação | Seed

Que o surgimento de uma pandemia tem transformado a rotina das pessoas em todo o mundo, isso não é mais novidade. Agentes da saúde, seguranças, motoristas e entre tantos outros profissionais que estão na linha de frente em combate ao novo coronavírus tiveram que se adaptar ao novo ambiente para salvar a vida de muitas pessoas e se proteger.

Mas e as instituições de ensino, que são os responsáveis pela formação e desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes? Como elas têm enfrentado esse momento de isolamento social para oferecer ensino de qualidade aos alunos? Será que a maioria das escolas já estavam preparadas tecnologicamente para momentos de crise como da atual pandemia? 

Dados mais recentes da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), relativos ao Censo EAD.BR 2018, revelam que 18% das instituições de ensino do Nordeste aderiram o uso das aulas à distância. O percentual registra um decréscimo se comparado com os índices das regiões Sul (23%) e Sudeste (43%). Ou seja, mesmo antes da pandemia, as unidades de ensino superior dessas regiões já estavam, relativamente, preparadas para um método de ensino alternativo. 

Segundo artigo publicado pelo doutor em Ciências Humanas, jornalista e colaborador da ABED, João Vianney, com o surgimento da pandemia, também ficou evidente a necessidade da implementação das tecnologias nas escolas de ensino básico e apontou, como solução para a crise, recursos gratuitos disponíveis na internet que podem facilitar a interação entre as escolas, professores e alunos. 

"Conteúdos de qualidade existem com acesso gratuito na Fundação Padre Anchieta; na Fundação Roberto Marinho; nos sites do MEC dedicados aos materiais didáticos para uso pelos professores; no Curso Enem Gratuito; no Blog do Enem e pelo menos uma centena de repositórios das Secretarias Estaduais de Educação, Sistema S, e portais internacionais", diz Vianney.

Recursos esses, que, segundo Pretha Sousa, professora e produtora cultural do Centro Educacional Porto Belo, localizado no bairro da Federação, têm sido utilizados para ressignificar os métodos pedagógicos aplicados aos alunos durante o período de isolamento.

"Temos ferramentas de intensa interação, gratuitas e disponíveis na internet: Instagram, Facebook, Zoom, Google Meet, entre outros. Muitas dessas ferramentas são usadas no dia-a-dia pelos alunos e professores em seu cotidiano pessoal. Ora, se usamos essas ferramentas no dia-a-dia para comunicação global, por que não usarmos para uma comunicação pedagógica?", disse Pretha Sousa.

Antes da pandemia, a escola em que a professora atua não havia adotado os recursos tecnológicos e para ela, essa é uma das maiores dificuldades que as instituições que não possuem a tecnologia têm enfrentado durante o período.

"As escolas nesse momento de quarentena precisam adaptar-se à era tecnológica. Antes da pandemia se instalar, algumas instituições de ensino já haviam colocado em prática essa metodologia de ensino que atrela o estudo presencial com as ferramentas tecnológicas. Grande parte do “desespero na educação” em algumas instituições de ensino, no que se refere ao conteúdo didático (ensino-aprendizagem), é justamente por não ter construído de forma orgânica, ao longo dos anos, uma relação entre educação e tecnologia. Desta forma, a educação não acompanha o processo de transformação".

Para Pretha Sousa, a tecnologia tem ressignificado o método de ensino para os alunos. | Foto: Arquivo Pessoal

Pretha Sousa também citou atividades aplicadas na escola para criar um cenário mais interativo com os alunos e as famílias ao mesmo tempo em que levam conteúdos didáticos, como a “Feira das Profissões”, um evento online que reuniu entrevistas com profissionais das áreas de humanas, exatas e linguagens para entender o futuro das profissões após a pandemia, e a série "Papo Cabeça", no qual, também por meio de transmissões ao vivo, a escola promoveu debates pedagógicos relacionados ao atual cenário de pandemia. Para Pretha, é no momento de pandemia que "paramos, ou ressignificamos nossos momentos. É na crise que o ser humano é impulsionado".

Estudante do 3º ano do ensino médio, João Victor Ledoux, de 17 anos, tem sentido os impactos da virtualização das aulas no momento de isolamento social. Para ele, uma das maiores dificuldades que teve para se adaptar às aulas virtuais foi a saudade de estar no espaço físico da sala de aula com professores e colegas.

“Queria estar ali, dentro do ambiente escolar com os meus colegas e professores, aprendendo, dialogando junto com professor. A minha dificuldade inicial foi essa: a saudade maior de estar na sala de aula”.

Uma das maiores dificuldades do estudante João Victor foi ter que se adaptar às aulas fora da sala de aula física. | Foto: Arquivo Pessoal

Para ele, o uso da tecnologia facilitou o ensino para os alunos e defendeu o uso dos recursos tecnológicos para ampliar os métodos de aprendizagem dos estudantes.

“Para mim, a tecnologia deveria ser mais usada dentro da sala de aula, claro, com suas restrições [...] O meu colégio criou uma plataforma e isso facilitou muito [o ensino]. E fora que muitos alunos, e eu me incluo nessa lista, conseguiram raciocinar e aprender até melhor pelas videoaulas por conta de você pausar, voltar várias vezes, e depois o professor estava disposto a tirar sua dúvida no chat ou no privado das redes sociais deles”, afirmou o aluno.

João também disse que não acredita que as aulas virtuais poderão substituir as presenciais no futuro, pois, para ele, o ambiente escolar também contribui para a formação dos alunos como cidadãos.

“Além da gente aprender as matérias da carga horária, vamos aprender valores que vão contribuir para o nosso futuro e isso, acredito que a tecnologia não vai oferecer à escola [...] A escola é um centro de aprendizagem e educação e, além dos valores que são passados para o nosso futuro, também está a nossa formação como cidadão. A escola também é uma troca recíproca de carinho, de sentimento, convivência”.

Suspensão das aulas presenciais

No dia 28 de abril, o Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou a oferta das aulas não presenciais em todas as etapas de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior como medida para não comprometer o calendário acadêmico durante o período de pandemia. Posteriormente, a decisão foi aprovada pelo Ministério da Educação.

Para as redes municipais, no último dia 18, a Prefeitura passou a implementar uma plataforma digital de conteúdo complementar para os alunos das 1.265 unidades de ensino da capital baiana. Para ampliar os estudos aos alunos que não dispõem de recursos tecnológicos, a Prefeitura informou que planeja uma alternativa para o acesso dos estudantes às aulas on-line. Ao todo, 30 mil alunos serão beneficiados pela tecnologia.

Já na rede estadual, o Governo tem aplicado aulas virtuais no canal do Youtube da Secretaria Municipal de Educação e a distribuição de atividades impressas para cerca de 140 mil alunos das 435 escolas da Bahia.

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