Efeito pandemia: baixa demanda derruba preços de serviços mesmo com escalada da inflação

Os preços de itens básicos de consumo vem crescendo a cada dia no país, e alguns serviços que são diretamente impactados pela pandemia andam na contramão da inflação. Por conta da baixa demanda, eles registram deflação no ano, ainda que pressionados pela gasolina, vilã da recente alta generalizada de preços no país.

No geral, dez serviços registraram deflação no acumulado entre e janeiro e agosto deste ano, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil.  

O IPCA acumulado no ano até agosto ficou em 5,67%, taxa mais alta para os oito primeiros meses do ano desde 2015, quando ficou em 7,06%. 

O maior peso na economia brasileira é o setor de serviços. Ele foi o mais atingido pela pandemia e, dessa forma, apresenta recuperação mais lenta e desigual.

Até julho, das cinco grandes atividades que compõe o setor, somente a de serviços prestados às famílias não havia recuperado as perdas causadas pela crise sanitária, operando 23,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

O setor que registrou maior deflação entre os serviços foi a das passagens aéreas, cujos preços médios acumulam queda de 33,81% no ano, seguida pela de transportes por aplicativos, com recuo de 14,33%.

De acordo com o coordenador de Índice de Preços ao Consumidor da FGV-Ibre, André Braz, “a pandemia ajuda a entender por que estes serviços tiveram queda de preços no acumulado do ano”.

“Diante das medidas de restrição à circulação de pessoas para conter o coronavírus, o consumo de alguns desses serviços despencou. No caso das passagens aéreas, só agora o setor começou a se recuperar, com a circulação de pessoas começando a ficar mais normal. Com o transporte por aplicativo, houve a diminuição do fluxo de pessoas demandando por eles”, apontou.