Em buscas, PF encontra anotações sobre delação de Cid em carro de Bolsonaro
Anotações podem ter sido feitas por ex-presidente durante interrogatório no STF

Foto: Ton Molina/STF
Anotações manuscritas que fazem referência à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante e ordens de Jair Bolsonaro (PL), foram encontradas pela Polícia Federal (PF) no porta-luvas de um dos carros do ex-presidente.
O material foi encontrado ao longo de buscas e apreensões feitas pela PF no dia 18 de julho. Apesar da situação, não foram incluídos no inquérito por coação, em que Bolsonaro já foi indiciado, pela irrelevância para o contexto da investigação.
De acordo com os investigadores, os registros podem ter sido realizados pelo ex-presidente no decorrer do interrogatório de Cid em junho, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na folha há uma espécie de linha do tempo a partir da colaboração premiada do ex-ajudante de ordens. O contexto exato não foi identificado, porém, os rabiscos sugerem apontamentos relacionados a possíveis estratégias de defesa.
Em um dos trechos, Bolsonaro escreveu: “Não existia grupos, sim indivíduos (…) considerando – 2 ou 3 reuniões. Defesa + sítio + prisão – várias autoridades. Previa: comissão eleitoral nova eleição”.
Em outro trecho ele escreveu: “Recebi o $ do Braga Netto e repassei p/ o major de Oliveira -- pelo volume, menos de 100 mil. Pressão p/PR assinar ‘um decreto’ -- defesa ou sítio, mas nada vai acontecer”.
No papel ainda está a expressão "Min Fux" e, logo abaixo, frases como: “Estava com a filha em Itatiba/SP”; “Preocupação em não parar o Brasil”; “Das 8, fiquei 4 semanas fora da Presidência”.
Em outras anotações, o ex-presidente escreveu: “Nem cogitação houve. Decreto de golpe??? Golpe não é legali//, constituição, golpe é conspiração” (sic). Mais adiante, há a marcação da data “29/nov” -- riscada -- seguida da frase: “Plano de fuga -- do GSI caso a Presidência fosse sitiada”.
Para os investigadores, os rabiscos aparentam reunir observações relacionadas a pontos destacados por Cid na delação. Ao longo do próprio interrogatório, Bolsonaro também realizava anotações em papéis.
Com informações da CNN