Em carta a Mourão, países europeus dizem que desmatamento dificulta compras de produtos brasileiros

A Parceria das Declarações de Amsterdã, um grupo de oito países europeus, que atualmente é liderada pela Alemanha, enviou carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão na noite da terça-feira (15), pedindo que o  Brasil tome "ações reais" para combater o crescente desmatamento da Floresta Amazônica. No documento, os países afirmam que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros: "Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atenderem a seus critérios ambientais, sociais e de governança".

"Os países que fazem parte da Parceria das Declarações de Amsterdã contam com um compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro para reduzir o desflorestamento e esperam que isso se reflita em ações reais imediatas", acrescentam.

O documento elogia ações passadas do Brasil para proteger o meio ambiente, mas nota que "o desflorestamento aumentou em taxas alarmantes, recentemente documentadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)". Ainda no documento, os países dizem que estão dispostos a intensificar o diálogo com o Brasil.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia brasileira saltou 34,5% nos 12 meses até julho deste ano. Outros números, do programa Queimadas, mostraram que setembro de 2020 já registrou mais queimadas na Amazônia em 14 dias do que em todo o mesmo mês do ano passado. A Parceria das Declarações de Amsterdã busca garantir o fornecimento de produtos livres de desmatamento para os países europeus. O vice-presidente Mourão, que também preside o Conselho da Amazônia, realizou encontros com investidores europeus este ano oferecendo a garantia que o Brasil está adotando medidas suficientes contra o desmatamento.