Em entrevista exclusiva, ator Gabriel Vicente fala da carreira e como despertou a vontade de ser ator

Ele também contou a expectativa de conhecer a Bahia

[Em entrevista exclusiva, ator Gabriel Vicente fala da carreira e como despertou a vontade de ser ator]

FOTO: Gabriel Bertoncel

O ator Gabriel Vicente, conhecido por atuar em espetáculos como "Cartola - O Mundo é Um Moinho" e também poder representar a cobra mais famosa do país em "Castelo Rá-Tim-Bum - O Musical", contou um pouco da sua carreira em entrevista exclusiva ao Farol da Bahia, além de pontuar o quanto se sente à vontade atuando no teatro.

Farol da Bahia: Qual o sentimento mais latente quando você está atuando, o frio na barriga ainda acontece?

Gabriel Vicente: “Acredito que possa se referir à necessidade de fugir da realidade. O "faz de conta" do palco, é um barato imenso, não tem nada que se compare a você poder viver tantas histórias, ser tantos, se sentir tão familiarizado com realidades antes desconhecidas. Sou um alucinado por desenho animado, e acho que boa parte da estrada que me guiou pra arte veio daí. "O Fantástico Mundo de Gabriel" talvez seja a referência mais visual de como eu vejo a magia que o palco tem, um verdadeiro portal.  O frio na barriga é vivo e eu torço muito para não acabar. Não está relacionado ao nervosismo, medo - às vezes, sim (risos), mas dado à ansiedade de vivenciar uma nova experiência, uma nova emoção. Porque o teatro é vivo, cada dia é diferente, ainda que a obra seja a mesma.”

FB: Como se sente atuando em musicais como o que homenageia o grande sambista Cartola e um grande sucesso da TV, o Castelo Rá-Tim-Bum? 

GV: “Tem uma coisa muito maluca sobre os caminhos da profissão. Fazer espetáculos com temas como "Castelo Rá-Tim-Bum" e sobre o mestre Cartola, são a prova disso. A programação da TV Cultura, foi minha grande parceira da infância. Eu passava o dia colado, ali. De "Rupert" a "Mundo da Lua", e Castelo era, sem sombra de dúvidas, meu programa favorito. Não bastava ver 2 vezes ao dia pela TV, ainda tinha VHS de toda a temporada. Quando abriram as audições, eu sabia que precisava fazer, mas não sabia bem onde me encaixaria. No meio do processo, acabei descobrindo que aquilo estava em mim, foi uma das minhas escolas. Eu tinha muito junto comigo todas aquelas histórias, aqueles personagens, mas foi a Cobra Celeste que me deu a chance de viver esse trabalho lindo, que é mais que especial no meu coração. Cartola também é um presente muito especial, já que eu sou fruto de um movimento que rolou no samba, nas rodas, mas quadras. Meu pai era integrante de um grupo de samba chamado "Vai de Samba" e minha mãe, uma passista da escola "Rosas de Ouro", alucinada por samba. E foi assim que vim ao mundo. Me reencontrar com o samba, descobrir Cartola e sua história, seus parceiros e entender o que é o samba, na sua essência e raiz, é também um encontro ancestral com minha própria história, a nossa história.”

FB: Como surgiu essa vontade de ser ator, a família te apoiou nessa escolha?

GV: “Não consigo me lembrar se tive vontade de ser ator. Parece que foi tudo desenhado. É como diz Chicó: "não sei, só sei que foi assim". Para começar, eu fui uma criança que viveu bons anos na parceria de amigos imaginários. Então, o "faz de conta" era coisa séria desde sempre.  Fui sendo cercado pelas mais diversas fontes de arte: a música gospel, o bumba-meu-boi do Maranhão, o carimbó, o folclore em geral. Instrumentos, expressão corporal, a leitura sempre apresentada de forma muito atrativa, o circo. Todas esses caminhos com muita sorte, estavam no meu dia-a-dia na escola Fontenelle, lá no Jaraguá (SP). Uma escola pública, sob a batuta de uma diretora genial, que priorizava arte pro desenvolvimento da educação, de uma forma, que eu nunca mais encontrei por aí. Seu nome Maria Marta Vilela.

Foi no Fontenelle que eu peguei pela primeira vez um livro de teatro na biblioteca e me aventurei a juntar um grupo para montar a peça "O Fantasma da Máscara". Teve até efeito pirotécnico, um perigo (risos)! Foi assim que começou, e depois só sei que foi indo, parece que ele sempre esteve por aqui.

FB: O teatro também é um local que te deixa confortável? Atuar, na sua opinião, é um dom?

GV: “Já pensei muito no quão especial é ser ator, e considerei por muito tempo o teatro como uma profissão especial, porque me sentia e me sinto muito abençoado de estar ali, e viver tudo que vivemos entre palco, coxia, camarim, salas de ensaio, e a pesquisa do ator pelas ruas, na vida, enfim... Hoje, eu não vejo mais assim. Acredito que influenciado pela leitura do livro da Fernanda Montenegro "Prólogo, Ato e Epílogo", mudei de opinião e entendi que a grande benção disso tudo, é poder fazer o que eu amo e que, por amar, faço bem. Mas ainda acredito que se trate de um dom, mas dons temos todos, só são diferentes, e é muito importante estarmos atentos para explorar e viver isso. 

Inclusive acho que esse é um bom caminho de pensamento, para a gente definitivamente tratar o teatro e a arte em geral como se deve: como uma profissão, com sua importância social, moral e também econômica, porque não!? É importante e não deve ser tratada na lista além das prioridades. 

FB: Você já esteve na Bahia? Se sim, o que mais gostou? Poderia deixar um recado para a equipe do farol da Bahia?

GV: “Estou muito feliz e ansioso para ir à Bahia pela primeira vez em março de 2020, com o espetáculo "A Cor Púrpura". Sonho em conhecer essa terra linda há muito tempo. E é mais significativo ainda ir, pela primeira vez, num momento como esse, estando envolvido numa peça que trata de tantas questões urgentes. Inclusive fica aqui meu convite. Na primeira quinzena estarei em Salvador, me atracando com o acarajé e descendo a ladeira, porque eu também sou filho de Deus. Um beijo pra toda a galera do Farol da Bahia, foi um prazer, amei as perguntas.


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