Entidades médicas indicam falta de protocolo unificado para tratar pacientes de coronavírus
No site do Ministério da Saúde, há apenas notas técnicas sobre o manejo clínico e tratamento dos casos
Especialistas procurados pelo G1 afirmaram que, diferentemente de outros páises, o Brasil não tem um protocolo nacional detalhado que unifique os procedimentos não medicamentosos a serem realizados em pacientes da Covid-19. Os dirigentes de sociedades médicas defendem a criação e atualização de um documento pelo Ministério da Saúde e sugerem que ele seja focado em condutas e práticas de manejo dos pacientes.
No site do Ministério da Saúde, há apenas notas técnicas sobre o manejo clínico e tratamento dos casos, com informações gerais sobre testagem, diagnóstico da doença e as formas de se notificar os casos e as mortes por síndrome respiratória. Em entrevista à GloboNews na segunda-feira (15), a cardiologista Ludhmilla Hajjar defendeu ser função da pasta orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19 e a necessidade de um protocolo nacional.
"O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (...) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. Cadê um protocolo de tratamento? (...) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam", disse. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entidade comandada até este mês pelo novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, também se posiciona a favor da criação do protocolo que uniformize o atendimento nos hospitais.
"Somos a favor de um protocolo nacional de atendimento, chancelado pelas principais sociedades de especialidades, que uniformizasse o atendimento de pacientes, nas diversas fases da Covid. Principalmente no foco do paciente hospitalizado, onde temos evidências científicas mais robustas sobre tratamentos", diz Fernando Bacal, diretor científico da SBC.
A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Irma de Godoy, detalha quais os protocolos estabelecidos no momento e que foram apontados por Hajjar. "Entendo que a Ludhmilla Hajjar propôs um documento que aponte em que momento da evolução da Covid se deve, por exemplo, aplicar ou não alguns tratamentos, que não são nem prevenção e nem 'tratamento precoce', mas protocolos da doença instalada pelo vírus", diz.
"Precisamos de um protocolo focado em procedimentos, com orientações desde a triagem, manejo de casos leves, quando internar, manejo do paciente internado, quando intubar, manejo do paciente em UTI. Ou seja, um protocolo baseado no que diz a ciência e com orientações nos mínimos detalhes, passível de ser executado por todos os municípios com coordenação dos estados!", diz Leonardo Weissmann, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBi).