Especialistas afirmam que desigualdade atrasa avanço de doses de reforço contra Covid-19
Profissionais alertam para o surgimento de novas variantes; apenas 26,57% da população brasileira tomou a dose de reforço

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O Brasil, atualmente, é o quarto país que mais distribuiu doses da vacina contra a Covid-19, ficando atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos. Entretanto, há uma considerável diferença entre o número de pessoas que tomaram as primeiras e segundas doses, e as que tomaram a dose de reforço.
De acordo com um levantamento feito Agência CNN, até a noite desta terça-feira (15) já haviam sido aplicadas 169.929.383 primeiras doses da vacina (79,1% da população), 152.431.223 segundas doses (70,96%), e 57.073.4335 doses de reforço (26,57%).
Com o baixo alcance da terceira dose, o Ministério da Saúde lembra que é fundamental avançar na aplicação de reforço da dose de reforço na população. “É isso o que vai fazer a diferença. O Brasil tem uma cobertura em torno de 30% de dose de reforço, índice que precisamos ampliar”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista coletiva na quinta-feira (10).
Em entrevista à CNN, a infectologista e epidemiologista, Luana Araújo, afirmou que a dose de reforço é necessária para que a proteção oferecida pelo esquema vacinal, principalmente contra casos graves e óbitos neste momento de dominância da Ômicron, seja mantida em altos níveis.
“Enquanto tivermos uma circulação viral exacerbada, é preciso que a proteção seja fortalecida com o uso de diversas ferramentas e a dose de reforço é uma delas”, afirma a infectologista.
Vale ressaltar que um estudo feito por pesquisadores britânicos indica que quanto maior o intervalo entre a vacina inicial e a dose de reforço, mais forte será a resposta imunológica. Além disso, a pesquisa mostrou também que qualquer imunizante funciona como reforço extra.
Robson Reis, infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), salientou, à CNN, que completar o ciclo vacinal com a dose de reforço é de extrema importância para que o surgimento de novas cepas seja freado. “O risco do surgimento de novas variantes em locais com baixa cobertura vacinal acaba sendo muito grande”, comenta.
A afirmativa do professor é corroborada por uma declaração de Jarbas Barbosa, diretor adjunto da Opas/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde, um braço da Organização Mundial da Saúde), durante entrevista à CNN. Ele destaca que enquanto continentes e países estiverem com baixíssima cobertura vacinal, o coronavírus continuará circulando sem controle, o que pode levar ao surgimento de novas variantes.
Reis salienta que o controle do vírus só ocorrerá quando houver “uma divisão, uma distribuição mais equitativa das vacinas".