Estudantes do oeste baiano realizam experiência com fibra do algodão na estratosfera terrestre
A iniciativa, inédita do Brasil, conta com o apoio da Abapa

Foto: Reprodução
Estudantes do ensino médio da escola Maria Edith Rhoden, no distrito de Roda Velha, em São Desidério, no oeste da Bahia, desenvolveram um projeto para testar se a exposição direta à radiação presente na estratosfera terrestre é capaz de causar mudanças na fibra do algodão baiano. O material é considerado um dos melhores do mundo em quesitos como alongamento, resistência, uniformidade, maturidade, reflectância, dentre outros.
Orientados pela professora bióloga Daysa de Azevedo, os alunos Alyne, Isadora, Luiz Carlos e Wendell construíram o projeto de pesquisa denominado ‘Viabilidade da resistência da fibra do algodão em altos índices de radicação solar quando submetido a ambiente estratosférico’. A ideia foi selecionada, entre outras no Brasil, como finalista do Projeto Garatéa, que é gerido por um consórcio de entidades, dentre elas, a Universidade de São Paulo (USP) e Ministério da Ciência e Tecnologia, e tem representantes da NASA como conselheiros.
“O objetivo é observar se a planta tem viabilidade genética após ser submetida a altos índices de radicação e se apresentará mais resistência e menor quebra da fibra, futuramente poderemos ter uma fibra com maior valor de mercado”, explica a orientadora da equipe batizada com o nome de SAIPH.
A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) foi convidada para acompanhar a coleta das três amostras de fibras que são foco do estudo. Por meio do Programa Educacional Conhecendo o Agro, no qual a escola é uma das contempladas, a Associação apoia a ideia. Dois dos estudantes da equipe, junto a outros 16, são bolsistas mantidos pela Abapa, que custeia as mensalidades e materiais utilizados pelos alunos cujos pais trabalham em fazendas associadas à entidade, na região.
“Esta foi uma forma de incentivar as famílias a permanecerem no campo, porque muitas procuravam cidades que oferecessem educação de melhor qualidade, então, a Abapa oportunizou o acesso a uma escola particular de excelência. A única exigência é o bom desempenho escolar, o que, no caso desses dois alunos, está comprovado”, explica o presidente da Abapa, Júlio Cézar Busato.
Amostras
Segundo a Abapa, as três amostras coletadas foram encaminhadas ao laboratório de análises da Associação para testes específicos e emissão de laudo técnico revelando as características das fibras. Uma das amostras ficará no laboratório, em ambiente estável, outra, será mantida na escola e durante 30 dias, exposta ao sol, por 15 minutos, diariamente. A terceira irá para São Paulo (SP), em setembro, e será enviada à estratosfera por um período de 10 a 15 minutos. Após estes processos, uma nova análise das fibras será realizada para comparar à primeira.
A professora acredita que todo resultado é um risco. "Mas estamos otimistas”, revela. Em 2018, ela coordenou outra equipe que foi campeã brasileira na mesma competição, com uma pesquisa sobre a palma forrageira, planta comum no Oeste da Bahia.
O município de São Desidério é o maior produtor nacional da cultura, com uma área superior a 129 mil hectares e contribui para que a Bahia seja o segundo maior estado produtor do País.