Estudo aponta que população pobre foi que mais sofreu com a pandemia
O estudo foi publicado na última semana na revista científica BMJ Global Health

Foto: Getty images
De acordo com um estudo liderado por pesquisadores no Brasil e no exterior, a população pobre foi a que mais sofreu com a pandemia do coronavírus. A leitura já é reconhecida e levou a medidas como doações empresariais e o auxílio emergencial aprovado duas vezes no Congresso.
O estudo que foi publicado na última semana na revista científica BMJ Global Health, usa como base a geografia do estado de São Paulo para mostrar como a covid-19 e fatores como raça, renda e CEP estão altamente relacionados. Segundo os resultados, as populações de localidades mais pobres não só contraem mais a covid-19, como morrem mais depois que pegam a doença. O mesmo vale para indivíduos pretos e pardos quando comparados a brancos.
Os os autores do estudo, os padrões de isolamento, medidos por dados do IBGE e de celulares, corroboram a tese. "Os bairros de mais alta renda e de população branca começam a se isolar antes, se isolam mais rápido, e se isolam com mais intensidade. E, depois, conseguem manter esse isolamento", afirma Rafael Pereira, um dos autores da pesquisa e especializado em estudos urbanos no Ipea. "Por isso, à medida em que terminarmos de vacinar o grupo de risco, seria importante o governo usar critérios socioeconômicos".
Sobre a relação entre raça e covid, os pesquisadores admitem que é complexo o tema de priorizar grupos raciais ou mesmo classes de trabalhadores vistos como mais vulneráveis nos resultados do estudo, como faxineiras ou entregadores.