Estudo revela desigualdades e desafios do SUS durante a pandemia de COVID-19
Pesquisa aponta variações na mortalidade hospitalar e destaca importância do investimento no SUS

Foto: Andrea Rego Barros/ Agência Brasil
Um estudo conduzido por pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) analisou a mortalidade hospitalar por COVID-19 no Brasil de 2020 a 2022. Publicado no International Journal for Equity in Health, o artigo destaca que as variações na mortalidade não apenas estiveram associadas à faixa etária e gravidade do caso, mas também evidenciaram disparidades sociais, regionais e de acesso ao cuidado de qualidade.
A pesquisa, baseada em dados secundários, utilizou informações do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revelou que mais de 70% das internações por COVID-19 foram cobertas pelo SUS, porém, a mortalidade hospitalar ajustada foi pior em comparação com hospitais privados e filantrópicos.
A Região Sul apresentou melhor desempenho, enquanto a Região Norte teve o pior. Indivíduos negros e indígenas, em municípios de menor IDH e internados fora de suas cidades, tiveram maiores chances de morte hospitalar. A vacinação impactou significativamente a redução da mortalidade após julho de 2021.
As autoras destacam a importância fundamental do SUS, que cobriu a maioria das internações, mas ressaltam fragilidades comparativas com o setor privado. O estudo aponta desigualdades na oferta, acesso e resultados do cuidado, indicando a necessidade de investimento, infraestrutura e melhorias nos serviços de saúde. Concluem que o SUS, apesar dos desafios, é essencial, enfatizando a urgência de esforços para aprimorar sua qualidade e equidade.