Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe é sentenciado a 12 anos de prisão domiciliar
Ele, que governou o país de 2002 a 2010 e foi condenado no início da semana por suborno e fraude processual

Foto: Arquivo/José Cruz/ Agência Brasil
A Justiça da Colômbia sentenciou nesta sexta-feira (1º) o ex-presidente Álvaro Uribe a uma pena de 12 anos de prisão domiciliária, para início imediato. Ele, que governou o país de 2002 a 2010 e foi condenado no início da semana por suborno e fraude processual, agora deve recorrer da decisão.
Na segunda-feira (28), ele foi considerado culpado por obstrução da justiça e suborno de testemunhas, incluindo paramilitares durante o conflito armado no país.
O documento, de mais de 1.000 páginas, vazou pouco antes da leitura no tribunal, que está marcada para ter início às 16h de Brasília. Além da pena, a sentença inclui inabilitação para o exercício de funções públicas.
"O estabelecimento prisional responsável pela vigilância deverá proceder à sua imediata transferência para o seu domicílio, onde cumprirá prisão domiciliar, sendo-lhe efetuados os controles correspondentes", diz a sentença.
O Ministério Público havia pedido uma pena de prisão de nove anos, o máximo possível nesses casos, e na prisão.
Uribe, o primeiro ex-presidente condenado na Colômbia, disse nos últimos dias que estava preparando seus argumentos para o recurso, acreditando que é importante pensar mais nas soluções do que nos problemas.
"Você tem que pensar muito mais na solução do que no problema. Por isso estou na preparação da argumentação para sustentar o recurso da minha defesa material", escreveu o ex-presidente de 73 anos na rede X, no início da semana, em sua primeira reação à condenação.
Após a condenação, os advogados dele entrarão com um recurso que será analisado pelo Tribunal Superior de Bogotá. O tribunal terá até 16 de outubro para decidir se mantém a condenação ou anula a decisão.
O caso pelo qual o político foi condenado começou em 2012, quando ele processou o senador Iván Cepeda, e em 2018, o tribunal reverteu a decisão e começou a investigar Uribe por adulteração de testemunhas.
Uribe chegou a receber ordem de prisão domiciliar em 2020, quando a máxima instância da Justiça colombiana avaliou que sua liberdade poderia atrapalhar o curso da investigação. À época senador, ele renunciou ao cargo em uma estratégia que transferiu o caso para a Justiça comum, que suspendeu a ordem de prisão e reiniciou o processo.
Ele, que sempre defendeu sua inocência, diz que as acusações são uma "vingança da esquerda" e de antigos aliados que se tornaram inimigos. O político afirmou que está sendo alvo de uma perseguição política e que sua condenação poderá impactar negativamente a direita conservadora nas eleições presidenciais de 2026.
O processo culminou no que foi chamado de "julgamento do século" pela imprensa local, resultando na condenação do ex-presidente, que ouviu o veredito de casa.
"Estamos interessados na verdade, não em vingança", disse Cepeda em uma entrevista. "A independência da segunda instância deve ser respeitada e Uribe não pode, neste momento, usar sua influência e seu poder para tentar pressionar os juízes novamente."
O ex-presidente Iván Duque publicou nesta sexta-feira um vídeo no qual afirma que um grupo de apoiadores vai solicitar a tribunais internacionais que se manifestem a respeito da condenação. "Tratados de direitos humanos foram violados e não há uma única prova que justifique uma condenação. Uribe é inocente", afirmou.