Exame Revalida apresenta menor nível de aprovação em 11 edições

Cerca de 96% dos candidatos que fizeram as provas foram reprovados na primeira ou na segunda etapa

Por Da Redação
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Exame Revalida apresenta menor nível de aprovação em 11 edições

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Exame Revalida feito no segundo semestre de 2022 apresentou taxa de aprovação de apenas 3,75% sendo a menor em toda história do exame que começou a ser aplicado em 2011 para autorizar médicos formados no exterior a trabalhar no Brasil. Cerca de 96% dos candidatos que fizeram as provas foram reprovados na primeira ou na segunda etapa e, com isso, não conseguiram revalidar os diplomas. 

Médicos brasileiros que se formaram em universidades estrangeiras e que fizeram o Revalida recentemente reclamaram de aumento indevido na nota de corte (pontuação mínima para o candidato ser aprovado), de inconsistências no conteúdo das provas e falta de coerência na hora da correção.

Na 1ª etapa do exame, são 150 questões: 100 objetivas e 50 discursivas e a 2ª etapa vale 100 pontos e testa as habilidades clínicas do médico com exercícios práticos.

Mais de 7 mil candidatos estiveram presentes na primeira etapa do Revalida 2022/2. Desses, apenas 863 passaram para a segunda etapa, que é a parte prática. Ao final, apenas 263 conseguiram passar no exame segundo os resultados que foram divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que coordena o Revalida, após duas semanas de atraso.

Candidatos afirmaram que as provas são "feitas para reprovar" e apontam um possível "boicote" aos formados no exterior. Muitos tiveram recursos negados pelo órgão e acionaram a Justiça para tentar reverter o resultado.

O médico brasileiro Bryan Nasato, formado no Paraguai e morador de Quatro Barras (PR) disse “Estamos presenciando erros de elaboração grotescos. E isso impossibilita que os candidatos alcancem a pontuação necessária para passar nas provas”

Até agora, foram feitas 11 edições do Revalida, com mais de 65 mil inscrições e 12 mil aprovações.
Na série histórica, as taxas de aprovação do Revalida variaram de 3,7% em 2022/2 até 33,2% no exame de 2021. Até então, a mais baixa era a da edição de 2017 (4,8%). O cálculo foi realizado com base no número de candidatos presentes na primeira etapa e o número de aprovados na segunda, a partir de dados públicos do Inep. 

As reclamações sobre o formato e correção do exame cresceram entre os candidatos a partir de 2020. Médicos que tentam revalidar o diploma ou que já passaram pelo exame afirmaram que o Revalida sempre foi considerado "difícil", mas "problemático"

O senador acreano Alan Rick (União), autor da lei que permitiu que o exame fosse realizado duas vezes ao ano disse "Fizemos um levantamento das questões que consideramos equivocadas na prova prática. Na soma, deu mais de 27 pontos de erros e equívocos nas questões e no gabarito"

Para Alan Rick, a busca pelo diploma de medicina no exterior já é uma realidade entre brasileiros, principalmente pela questão financeira, mas também pela alta concorrência nas universidades públicas "O governo brasileiro não pode fechar os olhos para isso. A prova do Revalida precisa ser mais dinâmica e menos burocrática", afirmou. 
"Eu sou de um estado que, principalmente no interior, a média de médicos por mil habitantes é de 0,6, o que é baixíssimo e prejudica demais a população. Temos que aumentar esse provimento", finalizou o senador.

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