Exportação de jumentos resulta em mortes e doenças sem cura

A pele dos animais é enviada à China e lá, usada para a produção de ejiao

Uma média de 200 jumentos que seriam abatidos na Fazenda Santa Isabel - situada às raias da BR-116, próximo a Euclides da Cunha - e depois exportados para a China, teriam morrido de fome em uma fazenda do município de Canudos, na Bahia. Outros 800 animais caminhavam para o mesmo fim. 

De acordo com informações da BBC News, meses antes, em Itapetinga, a 562 km da capital, centenas de jumentos morreram sem ter o que comer ou beber. Os dois casos chamaram a atenção das autoridades pela grande quantidade de animais mortos e geraram a preocupação de que, no ritmo em que os jumentos estão morrendo - seja por abate, ou em situações como as de Canudos e Itapetinga -, a espécie pode correr risco de extinção no Brasil, em alguns anos. 

Exportação - A pele dos animais é enviada à China e lá, usada para a produção de ejiao - substância feita com a gelatina do couro da espécie. Na tradicional medicina chinesa, o ejiao é recomendado para diversos problemas de saúde como, menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual.

De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), há 415 jumentos no local. Os outros morreram devido a uma doença metabólica sem cura e desenvolvida por causa dos maus-tratos. A fazenda, por conta dos casos de mormo e febre do pântano, foi interditada pela Adab e Ministério da Agricultura.

“Após a realização de exame confirmatório foram identificados 08 (oito) asininos positivos para mormo e 05 (cinco) para AIE (anemia infecciosa equina). O exame inicial para mormo foi realizado através da técnica de Fixação de complementos conforme capitulo 2.5.11 do manual de animais terrestres OIE, maio de 2015 e confirmados através da técnica de Western Blotting. Os exames de AIE foram realizados através da técnica de imunodifusão em gel de Agar – IDGA”, relata em nota a Adab. 

A advogada Gislane Brandão, Coordenadora da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, declarou que a contaminação por mormo resulta da autorização para abate.

Confira a nota oficial da ADAB:

Foi notificada a ADAB a existência de uma propriedade com um quantitativo 694 (seiscentos e noventa e quatro) asininos aglomerados, em situação de risco de vida e em desacordo com o bem estar animal. Imediatamente uma equipe da ADAB foi deslocada para o local, onde constatou os maus tratos e a presença de animais mortos. Conforme a constatação do ocorrido à propriedade foi interditada imediatamente em virtude de não haver origem conhecida dos animais, pois segundo relatos dos proprietários da fazenda, parte da propriedade foi arrendada e os animais chegaram sem a guia de transito animal – GTA. Foi informado ao ministério público – MP a situação dos animais e os procedimentos sanitários que seriam adotados.

Os animais mortos na propriedade, bem como os animais da necropsia foram enterrados em uma vala profunda em local distante de fonte de água e dos outros animais da propriedade. Foram realizados os termos de visita e notificação, onde foi informado ao proprietário da fazenda a necessidade de uso de EPI e as restrições em função da ocorrência em curso. Os procedimentos adotados foram informados ao MP do município de Euclides da Cunha, bem como a ADAB através de sua equipe técnica está realizando investigação sanitária para averiguação da origem, dos responsáveis pelo transito irregular, além da adoção das medidas sanitárias cabíveis, até o completo saneamento do foco.

Enquanto a ADAB coleta o sangue dos mais de 700 jumentos sobreviventes, a fazenda está interditada e nenhum animal pode entrar ou sair. O órgão multou em mais de R$ 40 mil os dois chineses responsáveis pelos bichos, já que realizaram o transporte dos jumentos de forma ilegal. 

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente informou que as medidas que deveriam ser tomadas imediatamente foram executas e encaminhou o caso para os órgãos policiais competentes e Ministério Público Estadual, que deverão adotar providências judiciais cabíveis.

Depois de um acordo coordenado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), os jumentos serão tutelados por protetores de animais que pretendem colocá-los para adoção, assim que estiverem bem de saúde.
 


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