Falta de doações gera queda nos estoques de pele no país
Rio de Janeiro e Porto Alegres estão com os bancos zerados
O Banco de Tecidos da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo possui em média 3.400 cm² de pele, quantidade capaz de atender no máximo três pacientes com queimaduras graves. Outros estados também apresentam estoque baixo.
O HC é o principal responsável pela demanda de pele do estado. Em 2018, o estoque era quase dez vezes maior, com 30 mil cm². No início deste ano, em janeiro, o banco chegou a zero. No Rio de Janeiro, o Banco de Pele do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) não tem tecido disponível no estoque.
De acordo com a médica responsável, Sandra Baião, “o estoque zerado no momento deve-se a um aumento de demanda de pele associada à redução de captação nos primeiros meses de 2022”.
O Banco de Pele da Irmandade Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre, há pele em processamento, mas, segundo o diretor Eduardo Chem, assim que liberada, imediatamente já é destinada para pacientes necessitados.
“Durante a pandemia, tivemos uma redução muito grande das doações, que estão retomando lentamente neste ano”, afirma. Nos últimos anos, as exigências para doação aumentaram: são feitos mais testes sorológicos e os doadores não podem ter contraído Covid-19 ou tomado a vacina contra o vírus recentemente — o que limitou as doações.
Em 2020, as captações chegaram a ser suspensas por conta da Covid-19. O processo só foi retomado, após a disponibilidade de teste de diagnóstico molecular (RT- PCR) para os doadores de órgãos em morte encefálica. Mas ainda assim, a captação continua em queda.
O Ministério da Saúde informou que trabalha para a ampliação dos estoques, visando prevenir a falta do tecido em situações de grandes emergências. A oferta apresentou uma queda de 30%, em média, entre 2019 e 2021, o que sutilmente pode ter compensado a queda da captação e reduzido a baixa nos estoques.
